Petróleo tende a continuar subindo

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Foto: Reprodução

Apesar da queda na última semana, os preços do barril de petróleo devem permanecer em níveis elevados, indicam analistas do setor. Atualmente, as cotações estão altas devido à combinação da forte demanda, em recuperação depois da redução das medidas de isolamento adotadas nos momentos mais agudos da pandemia, e das restrições no fornecimento global pela guerra na Ucrânia e embargos à Rússia.

O cenário de altos preços de petróleo deve mudar apenas se confirmados os temores de uma recessão ao final do ano, que poderia reduzir o consumo e, consequentemente, os preços, apontam especialistas.

Na sexta-feira, o barril tipo Brent, principal referência global, fechou a US$ 113,12 em contratos para agosto, queda de 7,28% na semana.

O analista da consultoria S&P Global, Felipe Perez, explica que a recente diminuição dos preços reflete a demanda um pouco menor do que a esperada com a aproximação do verão no Hemisfério Norte. Segundo ele, a inflação também começa a dar sinais de impactos no crescimento da economia mundial e foi um dos motivos que contribuiu para a redução das cotações.

“Vamos ver uma queda aqui e ali [nos preços] mas não esperamos que caiam muito, a não ser que, de fato, se inicie uma recessão ao final do ano”, diz Perez.

Por enquanto, a demanda por diesel, petróleo e querosene de aviação segue forte, enquanto a capacidade de aumento de oferta está baixa, afirma o consultor.

Entre os fatores que contribuem para a restrição do crescimento do fornecimento de petróleo mundial estão os embargos europeus à Rússia, uma das principais produtoras globais, e a continuidade das restrições à produção do Irã, que segue sob sanções devido ao programa nuclear.

“A perspectiva de aumento da oferta de petróleo é mínima. A capacidade ociosa de produção está escolhendo. Não tem muito que se possa fazer hoje, mesmo com esses preços altos, para trazer um volume maior de petróleo para o mercado que consiga ajudar a reduzir os preços”, afirma Perez.

Os preços do barril de petróleo têm permanecido próximo aos US$ 100 desde fevereiro, quando começou o conflito na Ucrânia. Desde então, a cotação já chegou a ultrapassar a barreira dos US$ 130 por barril. O cenário tem pressionado os preços dos combustíveis no mundo todo e provocado debates sobre a inflação.

No caso brasileiro, essa situação tem gerado pressões sobre a Petrobras, que mantém uma política de preços de combustíveis alinhados às cotações do mercado internacional. Nos últimos meses, a estatal tem sido alvo de críticas do governo e de integrantes do Congresso pelas altas nos preços praticados nas refinarias às distribuidoras.

A companhia afirma que evita o repasse imediato de variações conjunturais nos preços e que realiza reajustes quando verifica mudanças estruturais no mercado.

Especialistas do setor explicam que o barril não deve voltar a ficar abaixo dos US$ 70 este ano. “Existe um prêmio de risco, devido à guerra na Ucrânia. Com o conflito, o mercado atribui um risco maior de suprimento”, diz um analista do setor que prefere não se identificar.

Analistas indicam que uma eventual queda nos preços do barril no mercado internacional poderia ajudar a aliviar um pouco a pressão sobre a Petrobras, mas dizem que é improvável que esse cenário se materialize no curto prazo. Há ainda a pressão do câmbio sobre os preços finais praticados pela empresa.

“O problema é que essa discussão se tornou política. Há ataques à companhia que são completamente infundados e desnecessários, fora de propósito. A empresa tem tido sensibilidade no sentido de tentar entender os melhores momento para repassar os aumentos, mas a companhia não tem responsabilidade de fazer políticas públicas”, diz um analista.

Valor Econômico