Pior que Ciro e Bolsonaro, Bivar já anuncia ministério

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Um mês após ser lançado oficialmente pelo União Brasil como pré-candidato ao Palácio do Planalto, mas ainda sem sequer pontuar nas pesquisas, Luciano Bivar insiste em levar adiante sua campanha. Ele tem se dedicado a procurar outros partidos para definir um vice, alugou uma mansão em São Paulo para ser seu QG e até definiu uma possível escalação de ministros para o caso de, numa reviravolta inédita na história país, venha a ser eleito presidente em outubro.

Sua principal bandeira de campanha até agora tem sido a defesa do imposto único, a mesma que defendeu em 2006, quando concorreu a presidente pela primeira vez e ficou em último lugar, com 62 mil votos (0,06%).

— Mais de 50% da população brasileira não está confortável com seu candidato. É esse o voto que queremos capturar. Não é nenhuma presunção, mas a gente acredita que vai ter 26% (dos votos válidos) e vamos estar no segundo turno — afirmou Bivar, já cravando, inclusive, a porcentagem que espera receber desta vez.

O marqueteiro escolhido por Bivar para ajudá-lo a atingir a marca é Augusto Fonseca, dispensado em abril da campanha do PT por ter cobrado R$ 40 milhões para cuidar da campanha, valor considerado excessivo. Fonseca diz que a produção audiovisual para Bivar ainda não começou, já que o TSE só libera o uso do fundo eleitoral no início de agosto, após as convenções.

À frente do partido que terá acesso ao maior fundo eleitoral neste ano, R$ 782 milhões, Bivar planeja gastar até o teto permitido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e viajar por todos os estados.

Sobre fazer com que Bivar seja conhecido pela população, Fonseca diz que esse é “o grande desafio” que terá pela frente e que ainda não tem uma estimativa do quanto irá gastar.

— O alcance disso (o nome de um candidato) não é feito da noite para o dia. É um trabalho de formiguinha. Deveria ter começado no início do ano, mas esbarra na questão dos recursos — diz o marqueteiro.

Correligionários do União, hoje com 55 deputados, dizem apoiar Bivar, mas reservadamente manifestam ceticismo e temem que o partido vá gastar uma parte expressiva do fundo em uma candidatura sem viabilidade. Alguns esperam que, até as convenções partidárias em julho, Bivar mude de ideia. Segundo o pré-candidato e seus aliados, não há chance de isso acontecer.

— Procurei vários partidos para se juntarem a nós (à frente da chapa). Como o tempo passou e ninguém chegava a nenhuma conclusão, o União Brasil entendeu que isso não ia chegar em lugar nenhum. O único partido que tinha unidade era o União Brasil. Se nós temos luz própria, porque não vamos ter um candidato?

Bivar procurou o Patriota e o PRTB para sondar possíveis vices de outros partidos. Em encontro com o PRTB na semana passada, a presidente Aldinea Fidelix, viúva de Levy Fidelix, teria dito a Bivar que seu partido apoiaria sua candidatura, segundo o próprio deputado. Procurada pelo GLOBO, ela não respondeu sobre se teria fechado um acordo.

Nas reuniões do partido às quartas-feiras, Bivar cita até seu elenco de futuros ministros: Marcos Cintra (Economia), José Mendonça Filho (Educação), Fernando Bezerra Coelho (Minas e Energia), Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça). Eles foram convidados a escrever o plano de governo do candidato em suas respectivas áreas.

O teto permitido para campanhas presidenciais ainda não foi definido pelo TSE, mas deve superar os R$ 70 milhões de 2018. O União Brasil tem acesso à maior fatia do fundo, de R$ 782 milhões.

— Vamos gastar o que a lei nos permitir. Foi realmente um ganho do partido ter esse ou aquele (fundo). Cada partido tem o recebimento estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral — diz.

Sua agenda de viagens por todos os estados da federação também já está sendo definida. Ele esteve em eventos fechados recentemente no Pará e em Pernambuco, acompanhado dos deputados do partido.

A estrutura da campanha deve ficar centrada em São Paulo, onde Bivar alugou uma mansão de dois andares no Jardim Europa, região nobre, em uma esquina da avenida Brasil. Ele diz que a casa foi alugada para funcionar como diretório do partido, cuja sede em São Paulo estaria em obras, e que só será usada como comitê de campanha depois, quando a lei permitir. Questionado sobre o valor, diz que ainda não tem uma estimativa fechada de quanto será o aluguel.

Empresário pernambucano, Bivar comandava o PSL desde 1998. A legenda elegeu o presidente Jair Bolsonaro, com quem Bivar rompeu em 2019. No mesmo ano, o dirigente foi alvo de investigação pela Polícia Federal pelo uso de laranjas nas candidaturas de mulheres do partido em 2018. Após a fusão do PSL com o DEM, Bivar ficou à frente do União Brasil.

Questionado sobre quais os principais apoios de sua campanha à Presidência, Bivar cita os deputados federais presidentes das comissões da Câmara do Deputados: Constituição e Justiça (Arthur Maia), Orçamento (Celso Sabino), Minas e Energia (Fabio Schiochet), Esporte (Delegado Pablo) e Educação (Kim Kataguiri).

— Nenhum candidato tem uma estrutura tão significativa como a nossa — afirmou.

Para o deputado federal Celso Sabino (UB-PA), que quer se reeleger deputado federal neste ano e viajou com Bivar pelo Pará, o dirigente é o melhor nome da “terceira via” em um momento de “extremismo”.

— Luciano Bivar reúne todas as qualidades para ser a terceira via daquelas pessoas que querem fugir da polarização. É um homem íntegro, que tem um grande projeto para o país e está unindo aos poucos as pessoas que têm a ousadia de, nesse momento de extremismo, serem ponderados.

O Globo