Prisão de ex-ministro da Educação complica Bolsonaro

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Foto: Cristiano Mariz/Ingoglobo

Durante três anos, as acusações de rachadinha nos gabinetes dos filhos do presidente Jair Bolsonaro eram usadas pela oposição para rebater o discurso de que apenas o PT tinha escândalos de corrupção para explicar. Pelas pesquisas de opinião, o caso nunca resvalou na popularidade do presidente por não envolvê-lo diretamente e por se tratar de fatos ocorridos antes da sua posse em janeiro de 2019.

Houve também um momento em que Bolsonaro foi cobrado pelos chamados “laranjas” do PSL, escândalo envolvendo seu antigo partido que lançou candidaturas fantasmas apenas para cumprir a cota de representação feminina na disputa para o Congresso. Também não colou, quem acabou tendo que responder mais sobre os acontecimentos foi o seu ex-ministro do Turismo Marcelo Alvaro Antônio e o presidente do PSL, Luciano Bivar.

Veio a CPI da Covid no ano passado e mais uma vez denúncias de corrupção, desta vez envolvendo a compra da Covaxin. Mais uma vez, as acusações que permearam os depoimentos no Congresso não respingaram em Bolsonaro, que teve sempre a desculpa de que a vacina indiana jamais foi comprada pelo governo federal a despeito da proposta superfaturada que vinha sendo negociada pelo Ministério da Saúde.

Às vésperas da eleição 2022, a prisão desta manhã muda o patamar das denúncias contra o governo e coloca em xeque um dos principais discursos governistas contra o PT. Agora há um ex-ministro preso por denúncias envolvendo atos praticados dentro do próprio governo Bolsonaro. Há ainda, conforme revelou O GLOBO, pastores presos que estiveram no Palácio do Planalto por 35 vezes nos últimos meses.

Milton Ribeiro representa ainda um duro revés para os evangélicos, segmento fundamental na estratégia de reeleição do presidente. Trata-se de um pastor presbiteriano que, junto com Damares Alves, representava o espaço das igrejas na Esplanada dos Ministérios. No primeiro semestre, quando as acusações começaram a aparecer, lideranças como Silas Malafaia e o deputado Marco Feliciano fizeram duras críticas ao ministro e pregaram a sua demissão, o que acabou ocorrendo uma semana depois da primeira denúncia de pagamento de propina.

O Globo