Supremo usará professores universitários conra fake news

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Um grupo interdisciplinar formado por docentes de 12 universidades públicas foi convocado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para auxiliar a corte no Programa de Combate à Desinformação. Segundo o órgão, os professores terão a missão de colocar em prática projetos de campanhas, palestras e também pesquisas sobre como o Supremo deve atuar.

O tribunal destaca como ponto da estratégia para difundir informações corretas o que ele chama de tripé: explicar, traduzir e humanizar. Serão usados o site, as redes sociais e a TV Justiça como plataformas de relacionamento com o público.

“A desinformação está em todos os campos, e cabe a nós da universidade dar esse apoio ao STF, se juntar a outras organizações que estão participando dessa iniciativa para fortalecer essa ação”, diz Juliana Marques, da Universidade Estadual da Paraíba e doutoranda em ciência da informação. Ela representa a universidade, ao lado da professora Martha Simone Amorim, no programa do Supremo.

O programa foi criado em agosto de 2021 com o objetivo de “coibir práticas que afetam a confiança das pessoas no STF, distorcem ou alteram o significado das decisões e colocam em risco direitos fundamentais e a estabilidade democrática”.

O STF informou que priorizou a adesão de universidades públicas como parceiras na primeira etapa do programa. Foram enviados ofícios às entidades convidando para a parceria com o tribunal, caso tivessem projetos ou especialistas nessa área.

Segundo o tribunal, foram realizadas reuniões individuais com cada instituição para discutir os termos da cooperação, que envolvem diversas ações de acordo com as pesquisas/atividades realizadas pelas respectivas universidades no tema desinformação.

De acordo com pesquisa Datafolha de dezembro de 2021, 23% dos brasileiros veem como ótimo ou bom o trabalho do STF, enquanto 37% o consideram regular, e 34%, ruim ou péssimo.

A UEPB tem atuado com dois trabalhos em curso. Um deles é um programa de extensão com escola de ensino médio de João Pessoa com oficinas de combate à desinformação e de letramento informacional. Essas oficinas também são oferecidas para estudantes do nível superior de áreas diversas da comunicação, ciência da informação e biblioteconomia.

O outro programa é voltado para ações legislativas, com vereadores de câmaras de municípios da área do brejo paraibano.

“Geralmente são vereadores de câmaras de poucos recursos. Alguns não têm nem assessor para orientações básicas, o grau de escolaridade é baixo. São pessoas que estão muito suscetíveis a essas nuances de desinformação sempre presente em nossa sociedade”, diz Juliana, da UEPB.

As federais do, do Ceará, do Espírito Santo, do Tocantins, do Mato Grosso e de Roraima; e as estaduais de São Paulo (USP), Londrina, Ponta Grossa, Ceará, Goiás e Santa Catarina também estão no programa.

As redes sociais serão um dos principais focos da ação. A ideia é que sejam publicados vídeos nas plataformas, como o TikTok, e haja produção de conteúdos específicos para crianças, jovens e adolescentes.

Segundo Rodrigo Messias de Souza, diretor do Instituto Acadêmico de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Goiás, representante da entidade no programa, a potencialização das redes sociais faz com que uma desinformação seja replicada de maneira mais ágil.

“O que antes ficava por conta do papel, ou da transmissão de uma conversa, hoje nas redes é uma ação que se multiplica de uma maneira muito rápida”, diz Souza.

Para ele, assim como o uso das redes permite a ação antiética que transmite a desinformação, “também é possível, com essa mesma potencialidade, transmitir a informação”.

O STF diz que vem mantendo o diálogo com as plataformas e aplicativos desde a criação do programa.

“Foram realizadas diversas reuniões com as empresas, mas no primeiro momento, a estratégia do STF foi priorizar as universidades públicas e a sociedade civil. As conversas com as plataformas e aplicativos prosseguem, mas sem previsão de parcerias neste momento.”

Segundo os docentes, o combate à desinformação deve ser tratado desde a formação educacional. Para eles, a falta de uma formação midiática educativa faz com que o indivíduo não consiga perceber e diferenciar o que é falso.

Gabriela Belmont de Farias, docente do programa de pós-graduação em ciência da informação da Universidade Estadual do Ceará, representante da entidade no programa do STF, entende que a liberdade de expressão acaba sendo usada muitas vezes fora do contexto para distorcer uma situação e dar outro entendimento ao que está sendo passado.

“Acredito que as pessoas não entendem as responsabilidades quando utilizam a liberdade de expressão. Quando temos a consciência, a ética e a responsabilidade sobre isso, a gente tem mais pudor no sentido de saber o que estamos transmitindo.”

Folha