Mercadante se estranha com Suplicy

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Foto: Eduardo Anizelli – 5.fev.2020/Folhapress

O ex-ministro e presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante (PT), adotou um tom duro para repreender o colega petista e vereador Eduardo Suplicy (PT) após o incidente ocorrido durante um ato partidário, no mês passado.

Na ocasião, estavam sendo lançadas as diretrizes do programa de governo da chapa Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) à Presidência. O vereador interrompeu o ex-ministro para dizer que a renda básica de cidadania, sua proposta de vida, “não foi considerada”. Em tom exaltado, também reclamou por não ter sido convidado para os debates sobre o documento.

Em resposta a um email em que Suplicy pedia desculpas pela forma como se manifestou na ocasião, Mercadante disse que o ex-senador deveria fazer um pedido de desculpas público, não a ele, e dirigido a todos os que trabalharam pela construção das diretrizes da chapa Lula-Alckmin.

Coordenador do programa de governo, Mercadante ainda afirmou que a postura desrespeitosa e agressiva de Suplicy não condizia com o histórico da vida pública do vereador, pautado pelo respeito e pela ética.

Na segunda-feira (4), o vereador do PT disse à coluna que já havia perdoado e feito as pazes com Mercadante. Os dois têm um encontro marcado para esta terça (5) para selar o armistício e discutir a inclusão da renda básica de cidadania no programa.

“Nós conversamos e marcamos esta reunião para, de forma harmônica, estarmos juntos na campanha do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin e também do Fernando Haddad”, afirmou Suplicy. “Uma reunião harmônica e apaziguadora.”

Mercadante afirma que a reunião, que deve contar com a presença da ex-ministra Tereza Campello, já havia sido combinada com o ex-senador justamente para discutir as suas demandas.

“Como sempre foi acordado com Suplicy, a reunião de logo mais será uma mesa de diálogo para aprofundar a formulação. As sugestões de Suplicy receberão o tratamento republicano que também será dispensado às demais propostas, cerca de 50 encaminhadas pelas entidades nacionais e as mais de 9.000 propostas recebidas, até o momento, pela plataforma Juntos pelo Brasil”, diz o ex-ministro, em nota enviada à coluna.

A pauta de Suplicy é citada no tópico do programa de governo sobre o Bolsa Família, que prega uma reformulação profunda do programa, “por etapas, no rumo de um sistema universal e uma renda básica de cidadania”.

No dia em que o conflito ocorreu, Mercadante leu o trecho sobre a proposta e destacou que a discussão ainda está em fase inicial, daí seu caráter genérico. Ele também disse que Suplicy cometia uma injustiça.

Esta não é a primeira vez em que Suplicy se desentende publicamente com Mercadante. Em janeiro deste ano, o vereador petista disse ter ficado sentido por não receber convite para um encontro da Fundação Perseu Abramo que reuniu economistas ligados ao PT.

Suplicy manifestou seu aborrecimento em carta ao ex-ministro, afirmando que ao menos poderia ter sido chamado a participar virtualmente.

Na época, Mercadante respondeu ao colega de partido que o núcleo de acompanhamento de políticas públicas (Napp) de economia do PT existia havia cinco anos, e que aquela era a primeira vez que Suplicy manifestava interesse em participar.

Folha