Segurança de Lula preocupa mais a PF

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Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

A Polícia Federal (PF) decidiu antecipar o esquema de segurança para a proteção aos candidatos à Presidência. Inicialmente, eles seriam acompanhados por equipes de policiais a partir do início oficial da campanha, em 16 de agosto, mas agora isso deve acontecer assim que a candidatura for oficializada.

A campanha que gera maior preocupação hoje é a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A convenção do partido está marcada para o dia 21 de julho, em São Paulo e, segundo uma fonte da PF, o petista deve contar com a proteção oficial já a partir do dia seguinte.

A decisão de antecipar a operação de segurança dos candidatos foi tomada antes mesmo de o militante petista Marcelo Aloizio de Arruda ser assassinado a tiros, no fim de semana, por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro, em Foz do Iguaçu.

De acordo com um interlocutor, os acontecimentos das últimas semanas demonstraram que o clima no país está bastante conflagrado e, como os pré-candidatos já estão realizando atos que reúnem um grande número de pessoas, não seria prudente esperar o início oficial da campanha para fornecer a segurança.

Na semana passada, por exemplo, uma bomba caseira foi lançada em um evento da pré-campanha de Lula, na Cinelândia, no Rio. No mês passado, militantes que esperavam o petista para um evento em Uberlândia (MG) foram alvejados com um líquido fétido lançado por um drone.

Pelo calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as convenções devem ser realizadas entre 20 de julho e 5 de agosto. O primeiro a ter a candidatura oficializada será Ciro Gomes (PDT), que marcou o ato para o dia 20.

Já Bolsonaro pretende oficializar a sua candidatura à reeleição em 24 de julho, no Rio de Janeiro. A segurança do presidente, no entanto, será realizada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Ontem a justiça decretou a prisão preventiva do policial penal federal Jorge José Guaranho, militante bolsonarista que assassinou Arruda. A Polícia Civil paranaense trocou a responsável pelo inquérito. A missão foi assumida pela chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) do Paraná, delegada Camila Cecconello. Ela substituiu a delegada Iane Cardoso.

Apesar da escalada da violência, o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral não devem, por ora, alterar seus planos de segurança. Tanto o Supremo quanto o TSE já estão com as equipes reforçadas e trabalham com um planejamento especial para que as eleições transcorram sem incidentes mais graves.

Fontes dos dois órgãos afirmaram, reservadamente, que ações dessa natureza já estavam sendo previstas diante do clima de acirramento político e ideológico pelo qual passa o país. Nos últimos meses, porém, os dois tribunais têm investido mais na área de segurança e ampliado a proteção pessoal dos ministros.

Um dos temores é justamente a possibilidade de ocorrer ataques isolados aos magistrados ou às sedes das duas cortes, que também tiveram o policiamento reforçado e uma restrição ao acesso do público em geral, especialmente no TSE.

O Poder Judiciário conta com um quadro próprio de segurança institucional, mas, para as eleições, o policiamento será reforçado com agentes da Polícia Militar (PM), comandados pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

Até o primeiro turno, os tribunais trabalham com duas datas chaves para medir a temperatura do cenário nacional: 31 de julho, para quando estão sendo convocadas manifestações bolsonaristas em todo o Brasil, e 7 de setembro, quando haverá um desfile militar em Brasília.

Desde já, há um monitoramento em curso, especialmente nas redes sociais, para tentar prever o tamanho das duas mobilizações e traçar estratégias para identificar ameaças reais ou potenciais às cortes.

Valor Econômico