YouTube equipara fascistas e democratas

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Eduardo Guimarães

A decisão de um juiz substituto do TSE (assumidamente bolsonarista) de mandar o YouTube apagar vídeo em que Lula faz críticas políticas a Bolsonaro nasceu burra e antidemocrática e deu filhotes da mesma natureza.

Decisão do TSE que fez o YouTube rolar na lama gosmenta da censura tem cinco atos. No primeiro, o ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral Raul Araújo atendeu pedido do Partido de Bolsonaro e proibiu manifestações políticas no festival Lollapalooza, em março.

Na Folha de São Paulo, um colunista deu o tom da indignação contra o episódio. O colunista Uirá Machado escreveu:

“É difícil saber o que pretendeu o ministro Raul Araújo com sua decisão sobre o Lollapalooza (…) Ele associou o Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, ao espírito de censura que emana de Jair Bolsonaro, do PL, e seu entorno”

No segundo ato desse espetáculo deplorável e sob forte pressão, o ministro bolsonarista do TSE aceita o pedido de arquivamento da ação sobre manifestações políticas no festival e revoga a própria liminar, que deu causa àquela censura.

No terceiro ato, em nova decisão monocrática o mesmo ministro Raul Araújo ordena que o YouTube apague vídeo contendo fala do ex-presidente Lula acusando o presidente Jair Bolsonaro de “genocida”.

Mais realista do que o rei, a rede de vídeos do Google estendeu a censura contra Lula a canais do Youtube como Brasil 247, Blog da Cidadania (de autoria deste que escreve), Aquias Santarem, Click Política, Plantão Brasil, Ronny Telles e GGN. Todos eles tiveram vários vídeos censurados e apagados no rabo de foguete da censura a Lula.

E no mesmo dia.

A causa alegada pela rede de vídeos para censurar esse conteúdo é inacreditável. A causa teria sido esses vídeos conterem “discurso de ódio”.

Antes de abordar essa justificativa irracional e burra, é preciso dizer que, mais uma vez, o mesmo ministro bolsonarista do TSE teve que ver sua decisão questionada por seus pares.

No quarto ato dessa ópera bufa e antidemocrática, o mesmo TSE que mandou apagar vídeo em que Lula chama Bolsonaro de “genocida” nega pedido da campanha de Bolsonaro que pediu que fosse suprimido vídeo em que o ex-presidente chama o atual de “covarde e mentiroso”.

Então é “discurso de ódio” chamar Bolsonaro de “genocida” e não é “discurso de ódio” chamá-lo de “covarde e mentiroso”? Pense melhor, TSE. Bolsonaro é tanto uma coisa quanto outras.

No quinto ato, descobre-se que a decisão monocrática do ministro Raul Araújo que ordenou que falas de Lula acusando Bolsonaro de genocida fossem removidas das redes sociais foi duramente criticada por integrantes do TSE e por especialistas, que avaliam que ela ameaça a liberdade de expressão.

Para o Tribunal, tanto vídeos em que Bolsonaro é atacado como peças em que sejam feitas críticas a Lula devem ser analisadas com cuidado. A decisão de Araújo, segundo a maioria esmagadora do TSE, abre um “precedente perigoso”.

Decisão que vetou os vídeos de Lula que chamam Bolsonaro de “genocida” atropelou os ministros do TSE, segundo matéria de O Globo. Araújo se antecipou a colegas que costuravam solução em sentido diametralmente oposto e, por isso, o vídeo de Lula deve ser restaurado.

O problema é que essa decisão não afetou só a Lula, mas, também, a outros canais do YouTube supra mencionados. O que acontecerá com todos esses outros vídeos? Serão restaurados?

O que preocupa é a burrice da decisão do tal ministro bolsonarista do TSE que compara vídeos com críticas políticas a Bolsonaro a MILHARES de vídeos bolsonaristas acusando Lula de ladrão, entre outros insultos, além de pregar assassinato de esquerdistas, de ministros do STF e do TSE e golpe militar.

É uma variante da comparação que parte da mídia fazia entre Lula e Bolsonaro como sendo ambos “extremistas”, o que, per si, é um absurdo rematado, pois não há um só traço de extremismo em Lula e enxergar nele tal defeito não passa de mentira e/ou delírio.

Ver democratas tendo tratamento equivalente a fascistas e golpistas é decorrência do aparelhamento imoral e ilegal que vem sendo promovido por Bolsonaro no Judiciário, no Ministério Público, na Polícia Federal etc., e que precisa ser desfeito com urgência.

Em eventual governo Lula, será preciso coragem para extirpar não só esse aparelhamento revoltante, mas, também, a picaretagem pseudorreligiosa, a intromissão de militares na política e o armamentismo no país.

Redação