STF acha que Bolsonaro comanda terrorismo

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Eduardo Guimarães

Os atos antidemocráticos violentos dos bolsonaristas acabaram com o discurso de Bolsonaro sobre manifestações do lado deles serem ordeiras e pacíficas e de que protestos violentos eram prática da esquerda — o que está claro, agora, que era mentira.

Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações acenderam o alerta das autoridades, que realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.

Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram endurecer visando punir manifestantes de esquerda. Essa lei — veja só, leitor — muda a definição de terrorismo, que passa a englobar “ações violentas com fins políticos ou ideológicos”.

Desde a derrota para Lula, em 30 de outubro, Bolsonaro falou publicamente apenas duas vezes e não condenou os pedidos de golpe militar de seu apoiadores. E, nesses ocasiões, apesar de ter criticado o fechamento de rodovias, incentivou, indiretamente, aquelas ações.

Em 1º de novembro, por exemplo, quando havia centenas de trechos de rodovias do país bloqueados, ele justificou aquelas ações tachando-as de “resultado da indignação e sentimento de injustiça sobre a forma como se deu o processo eleitoral”.

Ou seja: instigou mais bloqueios.

Além disso, a impressão que se tem é a de que fingiu loucura ao dizer que seus apoiadores não fazem tudo o que já estavam fazendo. E ainda atribuiu tal comportamento à esquerda. Disse ele:

“(…) Nossos métodos não podem ser o da esquerda, que sempre prejudicaram (sic) a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônios e cerceamento do direito de ir e vir (..)”

Desde então, os bolsonaristas vêm apostando na violência, com destaque para os estados de Santa Catarina, Mato Grosso e Rondônia.

As falanges bolsonaristas tocaram o terror em Rondônia usando uma escavadeira para destruir uma adutora, deixando a população da cidade de Ariquemes sem água. O Coronel que governa o Estado, Marcos Rocha (União Brasil), pediu apoio da Força Nacional e o Ministério Público instaurou um procedimento de investigação criminal.

O Ministério Público informou, em nota pública, que a ação bolsonarista “Configura prática do crime de terrorismo, tipificado no art. 2º da Lei 13.260, de 16 de março de 2016, por se tratar de ato que sabotou o funcionamento de serviço público essencial à população de Ariquemes”

A Lei Antiterrorismo foi aprovada pelo Congresso em 2016 e, desde então, foram apresentados dezenas de projetos para endurecer essa lei. Em sua maioria, são propostas de deputados bolsonaristas que vizavam o MST e o MTST, mas que servem, perfeitamente, contra os Bolsonaristas.

À época, Bolsonaro chamou de “louvável” o endurecimento da lei antiterrorismo. Hoje, essa lei enquadraria com precisão atos bolsonaristas que ocorreram nas últimas semanas.

Além da investigação de terrorismo em Rondônia, o Ministério Público investiga tentativas de homicídio qualificado após um grupo de bolsonaristas atacar com tiros a agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

O MPF considera o grupo bolsonarista suspeito de dez crimes (incluindo tentativa de homicídio qualificado), de “achincalhar instituições” e de promover uma “constrangedora, criminosa e delirante intervenção militar”

Assim como Bolsonaro, o “dono” do PL, Valdemar da Costa Neto, critica a violência ao mesmo tempo em que insufla os bolsonaristas contra o TSE e o resultado do segundo turno das eleições presidenciais.

Costa Neto, cúmplice em tudo isso, defende o silêncio de Bolsonaro, que as autoridades consideram que insufla esses crimes. Porém, ministros do STF avaliam que ele está sob pressão de Bolsonaro, considerado o mentor intelectual de tudo o que está acontecendo no país.

Diante disso, ministros do STF procuraram Bolsonaro e o avisaram de que se ele não mandar parar os atos terroristas, acabará indiciado por ser o mentor intelectual desses atos, o que elevará ainda mais as penas que vão ser imputadas de uma forma ou de outra.

O STF suspeita de que Bolsonaro é o mentor intelectual desses crimes e que espera os atos golpistas “engrossarem” para “agir”. Mas o Tribunal prevê que os atos e atentados vão encolher e morrer. E que seu mentor ficará na chuva, como aqueles que insuflou.

Redação