MP cobra polícia do PR de novo sobre crime bolsonarista

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

O Núcleo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, em Foz do Iguaçu (PR), pediu à Polícia Civil, nesta segunda-feira (18), mais elementos investigatórios para concluir a denúncia que será oferecida à Justiça contra o policial penitenciário federal Jorge Guaranho.

Bolsonarista, Guaranho matou o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, no último dia 9.

Para o promotor Tiago Lisboa Mendonça, um dos designados para o caso, “existem algumas diligências pendentes”. “E são diligências importantes, como a análise do celular do agressor; a análise de perícia do DVR, que é o equipamento de gravação de vídeo; o laudo pericial de confronto balístico, e algumas outras diligências menores”, enumerou. “Nós estamos só aguardando a Polícia Civil do Paraná juntar todos esses laudos, providenciar a realização dessas diligências, para a partir daí concluir a nossa denúncia”, detalhou Mendonça ao Correio.

Segundo Mendonça, o Ministério Público pretende oferecer a denúncia contra Guaranho nesta quarta-feira (20/07). Até o encaminhamento da ação na Justiça, o promotor informou que não comentará sobre o conteúdo da acusação e sobre quais crimes devem ser imputados ao policial penitenciário.

Para o integrante do Gaeco, mesmo que os laudos da Polícia Civil não sejam enviados a tempo, “nada impede que a denúncia seja aditada, que ela seja complementada com o aparecimento de fato novo.” Segundo ele, não é possível esperar outros prazos, a fim de evitar que o juiz do caso, ou o Tribunal de Justiça paranaense, venham a soltar Guaranho pelo excesso de prazo.

O promotor comentou ainda sobre um dos pontos mais controversos sobre a morte de Marcelo Arruda: se o caso pode ser considerado como um crime político. Mendonça afirmou que, no momento da denúncia será abordada “essa motivação político/partidária vai ficar bem clara na denúncia. A gente vai explicar essa questão lá no momento do esclarecimento dos pontos centrais da denúncia”.

Tiago Mendonça acrescentou que, após a entrega de denúncia, o Ministério Público promoverá, ainda na quarta-feira (20), uma entrevista coletiva para explicar para a população todos os pontos da investigação.

Procurada pelo Correio, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP) informou que não comentaria mais o caso, após o indiciamento e entrega do inquérito policial, na última sexta-feira (15/07).

A Polícia Civil e o Ministério Público investigam uma possível relação entre o assassinato de Marcelo Arruda, 50, e o suicídio de Claudinei Coco Esquarcini, 44, diretor da Associação Esportiva Segurança Física Itaipu (Aresf), local onde aconteceu o crime contra o petista no último dia 09.

Esquarcini trabalhava há 20 anos como segurança na Itaipu Binacional e era o responsável pelo sistema de câmeras de segurança da associação. Segundo as investigações, as imagens, após mostradas a Guaranho, durante um churrasco de confraternização, motivaram sua ida ao local do crime. Claudinei cometeu suicídio no último domingo (17).

Advogados da família de Arruda defendem a realização de novas diligências após a morte de Esquarcini. Em petição à 3ª vara criminal de Foz do Iguaçu, solicitam a apreensão e perícia do celular do diretor da Aresf, além da identificação dos sócios do clube e a identificação daqueles que teriam a posse das senhas de acesso ao sistema de câmeras do local.

Segundo o documento, assinado pelo advogado Daniel Godoy Júnior, o autor do crime, Jorge Guaranho, seria amigo íntimo de diversos membros da direção da associação, o que justificaria novas diligências, a fim de apurar a possibilidade de existirem mais envolvidos na morte de Marcelo.

De acordo com informações desta segunda-feira (18), divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná, Jorge Guaranho segue internado e apresenta um quadro estável. Segundo o boletim, o paciente “encontra-se hemodinamicamente estável, sem uso de drogas vasoativas e sedativos. Apresenta respiração espontânea por traqueostomia e oxigenoterapia suplementar, sem auxílio de ventilação mecânica.”

Correio Braziliense