PSDB busca aliados na Câmara para não sumir
Foto: Elaine Menke/Câmara do Deputados
Em reação ao esvaziamento de sua bancada federal nas últimas eleições, o PSDB iniciou negociações para uma nova federação ainda em 2022 e articula uma união com Podemos e PSC pelos próximos quatro anos.
Antes da disputa eleitoral, o partido comandado por Bruno Araújo (PSDB) já havia selado o casamento temporário com o Cidadania.
Além das conversas sobre federação, a legenda tucana também está de olho na formação de um bloco consistente para a próxima legislatura. PSB e PDT são alvos preferenciais das investidas, ainda embrionárias, para a composição de um grupo, que possibilite a conquista de melhores espaços nas comissões da Câmara e maior protagonismo nos trabalhos do Poder Legislativo.
Antes mesmo de o Podemos anunciar a incorporação do PSC, o que ocorreu na semana passada, o PSDB e o Cidadania já sinalizavam uma disposição em se unir aos partidos de Renata Abreu (Podemos) e Pastor Everaldo (PSC).
Segundo apurou o Valor, o casamento entre as legendas, caso saia do papel, visa um projeto de longo prazo, que pode incluir até mesmo o lançamento de um nome próprio para a corrida presidencial de 2026.
Em um horizonte mais próximo, o grupo tem como objetivo se fortalecer na Câmara e ocupar espaços mais relevantes.
Todos estão alinhados na adesão às pretensões de Arthur Lira (PP-AL) de ser reconduzido ao principal cargo da Mesa Diretora da Casa.
Além das conversas sobre federação, o PSDB tem no radar a criação de um eventual bloco partidário com PDT e PSB. A sigla de Carlos Lupi (PDT) aprovou na semana passada um indicativo de também engrossar o grupo de legendas que apoiará a permanência de Lira no comando da Câmara. O PSB deve ir pelo mesmo caminho, já que está prestes a confirmar o deputado Felipe Carreras (PSB-PE), que é bastante próxima do parlamentar alagoano, na liderança do partido na Câmara.
Fontes ponderam que as conversas estão em estágio inicial, mas pontuam que há o consenso de que “todos têm a ganhar” com a eventual formação do bloco, já que todos poderiam ser agraciados com melhores espaços no Legislativo.
Enquanto as alianças não se concretizam, Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu o presidente da Câmara em seu gabinete na semana passada.
Em uma conversa de cerca de 30 minutos, o tucano buscou entender o xadrez que o Lira tem montado na cabeça para acomodar todos que estão dispostos a apoiar sua recondução à presidência da Câmara.
O encontro contou com a presença do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), o deputado eleito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP) e o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB).
Apesar do apoio da sigla tucana à recondução do deputado do PP ainda não ter sido formalizado, o mineiro buscou se antecipar e fazer um gesto de que há disposição de aliança dos pessedebistas.
O movimento ocorre porque partidos com mais parlamentares, como União Brasil e Republicanos, já embarcaram na candidatura de reeleição de Lira.
Essas legendas devem ser contempladas com espaços importantes na Câmara caso a recondução seja confirmada em fevereiro de 2023.
De acordo com participantes do encontro entre Lira e Aécio, o tucano buscou deixar claro que, independente de quem ficar á frente da bancada do PSDB na Câmara, o partido endossará a permanência do pepista no comando da Casa.
O martelo deve ser batido nos próximos dias. Ele também procurou esclarecer dúvidas levadas por correligionários sobre como a possível formação do bloco com pedetistas e pessebistas poderia beneficiar todas as siglas envolvidas.