Aliados de Bolsonaro são contra federalizar caso Adriano
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Até mesmo aliados do presidente Jair Bolsonaro consideram um erro político dele levar para dentro do Palácio do Planalto o caso da morte do ex-capitão da Polícia Militar Adriano da Nóbrega, apontado como um dos chefes da milícia no Rio de Janeiro.
A percepção desses interlocutores é que tanto Bolsonaro como o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, acabam explicitando uma preocupação incomum com a condução do caso envolvendo alguém como Adriano, que era foragido da polícia.
Bolsonaro chegou a pedir uma perícia independente das circunstâncias da morte do ex-capitão do Bope e lançou suspeitas sobre a ação da Polícia Militar baiana. Adriano foi morto durante operação para prendê-lo na cidade de Esplanada, na Bahia.
“É preciso esclarecer as circunstâncias da morte do Adriano. Mas o presidente da República, priorizando esse caso, joga um holofote excessivo e passa a ser contraditório até mesmo com o próprio discurso de defesa do excludente de ilicitude”, observou um parlamentar com trânsito livre no Planalto.
Bolsonaro também demonstrou preocupação com a perícia nos celulares encontrados com o ex-PM.
O corpo de Adriano da Nóbrega ainda está no IML do Rio. A Justiça reafirmou nesta terça-feira (18) a decisão que proíbe que ele seja cremado por causa da investigação.
Em dezembro, o MP do Rio concluiu que Adriano da Nóbrega fazia parte do grupo que agia no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro, e que recebia parte de recursos vindos da rachadinha. No esquema, funcionários devolviam parte do salário ao parlamentar.
Em 2007, Flávio empregou a ex-mulher de Adriano no gabinete dele e, em 2016, a mãe do ex-PM foi contratada. Em junho de 2005, ainda como deputado, Flávio Bolsonaro homenageou o miliciano com a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
No sábado (14), durante uma visita ao Rio, o presidente Jair Bolsonaro disse que foi ele quem pediu para Flávio condecorar o ex-capitão.