Bolsonaro inventa emprego para sua mulher
Foto: Carolina Antunes/PR
A primeira-dama Michelle Bolsonaro passará a despachar nos próximos dias no Palácio do Planalto, de onde comandará o Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, ou Pátria Voluntária. Uma sala já está sendo preparada para ela, segundo apurou o Valor, porém ainda não há uma definição sobre o dia da mudança.
Nas últimas semanas, a estrutura do programa começou a ser transferida para o Planalto, onde parte da equipe de Michelle já trabalha. Questionado sobre a mudança, o Planalto não comentou.
Quase não há mais movimento relacionado ao Pátria Voluntária no Ministério da Cidadania, onde o programa estava lotado antes de ser formalmente transferido para a Casa Civil, no fim de 2019.
A estrutura física permanecia na Cidadania até que as instalações ficassem pronta. Segundo fontes, Michelle era pouco vista no ministério durante o período em que o programa esteve sob o guarda-chuva do ministro Osmar Terra. O movimento mais constante era o de assessores.
A mudança conta com o aval do presidente Jair Bolsonaro. Porém, diferentemente de outras primeiras-damas, ela não trabalhará no terceiro andar da sede da Presidência, onde fica o gabinete presidencial.
Esse espaço, o mais nobre do Planalto, já está ocupado por parte da assessoria especial da Presidência. No terceiro andar também despacha o gabinete montado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, para cuidar das redes sociais do pai.
A princípio, Michelle ocupará uma sala no subsolo do Palácio. Porém, ainda cogita-se instalá-la no quarto andar, onde estão os gabinetes dos ministros Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
Isso daria à primeira-dama mais privacidade para trabalhar, uma vez que a circulação de pessoas no quarto andar é mais restrita do que no subsolo do Planalto.
Bolsonaro decidiu em dezembro transferir o Pátria Voluntária da Cidadania para a alçada da Casa Civil. A decisão, publicada no último dia do ano no “Diário Oficial da União”, foi vista como mais um sintoma do enfraquecimento do ministro Osmar Terra,
O conselho do programa, que segue sendo presidido pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também passou a ser vinculado à Casa Civil. Em sua concepção original, Terra era o responsável por indicar os membros do órgão.
O conselho é composto por 24 integrantes do governo e da sociedade civil, entre elas a esposa do ministro Sergio Moro (Justiça), a advogada Rosângela Moro; a irmã do ministro Paulo Guedes (Economia), Elizabeth Guedes (presidente da Associação Nacional das Universidade Particulares – Anup); a cantora Elba Ramalho e o velejador Lars Grael.
O Prêmio Nacional de Incentivo ao Voluntariado e o Selo de Acreditação do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado também passaram a ser administrados pela Casa Civil.
Lançado em julho, o programa Pátria Voluntária visa “incentivar a participação dos cidadãos na promoção de práticas sustentáveis, culturais e educacionais voltadas à população brasileira mais vulnerável”, segundo disse à época o Ministério da Cidadania. “O trabalho voluntário, de caráter não remunerado, será articulado entre o poder público, organizações da sociedade civil e o setor privado.”