Brasileiro é premiado por pesquisa sobre origem do universo
Foto: AP Photo / CERN
A Sputnik conversou com o cientista Thiago Tomei, premiado internacionalmente na última semana, sobre seu trabalho no Centro Europeu para Pesquisas Nucleares, onde contribui para os experimentos no Grande Colisor de Hádrons.
O físico brasileiro Thiago Tomei, pesquisador do Núcleo de Computação Científica (NCC) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do São Paulo Research and Analysis Center (Sprace), foi agraciado, no último dia 3, com o Achievement Award da colaboração do Solenoide de Múon Compacto (CMS), um dos detectores de partículas construídos no Grande Colisor de Hádrons (LHC).
A distinção recebida do Centro Europeu para Pesquisas Nucleares (CERN) pelo cientista é dada a pesquisadores que se destacam devido a contribuições significativas e duradouras para componentes do experimento CMS do LHC, com o qual a Unesp colabora por meio do Sprace.
O pesquisador Thiago Tomei, do Núcleo de Computação Científica da Unesp, recebeu o Achievement Award da colaboração Compact Muon Solenoid (CMS). O prêmio é dado a pesquisadores que se destacam em contribuições para o LHC, o mega-acelerador de partículas https://t.co/DJNxgCPM0H pic.twitter.com/1sG2Ykojdl
— UNESP (@Unesp_Oficial) February 7, 2020
Em entrevista concedida à Sputnik Brasil diretamente da Suíça, onde se encontra o CERN, o acadêmico explicou um pouco sobre o trabalho desenvolvido por ele e sobre o LHC.
“Hádron é um tipo de partícula composta de grupo de quarks. Quarks são partículas elementares, cuja característica principal é que elas sofrem um determinado tipo de interações chamado interação forte. E, dentro das características dessas interações, elas não existem de maneira isolada. Elas se agrupam em conjuntos mais estáveis chamados hádrons. Exemplos de hádrons têm alguns que são bem conhecidos da química, como próton e nêutron, e alguns que foram descobertos posteriormente, como píons e káons. O Grande Colisor de Hádrons é um acelerador de partículas, localizado na fronteira franco-suíça, que tem como objetivo acelerar e colidir prótons a grandes energias, a frações significativas da velocidade da luz”, conta Tomei.
De acordo com o físico, através dessa movimentação, o aparelho em questão pretende gerar pequenas regiões no espaço com alta densidade de energia, onde os fenômenos são regidos pelas regras da chamada teoria quântica de campos, que mistura a relatividade de Albert Einstein com a mecânica quântica de Werner Heisenberg e outros e que é uma maneira de estudar a estrutura mais íntima da matéria, como a matéria se comporta nessas regiões de altíssima densidade de energia.
“O trabalho desenvolvido por mim para o LHC é em um dos experimentos que analisam essas colisões de prótons, o Solenoide de Múon Compacto. Eu trabalho na tomada de dados, na apuração de experimentos e na análise dos dados em si. Meu trabalho é garantir que o experimento funcione bem e depois analisar os dados e comparar com as previsões da teoria, da melhor teoria que nós temos até o momento, que é o modelo padrão, e também com as previsões de teorias alternativas.”
O pesquisador explica que os estudos desenvolvidos no LHC podem ajudar a investigar a origem do Universo ao simular condições semelhantes às presentes no chamado Big Bang, teoria cosmológica dominante sobre o desenvolvimento do Universo.
“Nós temos condições ambientais semelhantes a essas que existiram logo após o Big Bang. Nós temos, então, algo como se fosse um pequeno Big Bang no laboratório.”