Industriais paulistas rejeitam aliança com Bolsonaro
Foto: Miguel Schincariol / Getty Images
Ainda que ao empresariado em geral interesse um canal direto com o poder, o alinhamento político entre o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e o presidente Jair Bolsonaro vem causando incômodo em um grupo de representantes do setor. A reclamação é que a atuação de Skaf tira a legitimidade da Fiesp para brigar com o governo por pontos considerados mais críticos para os empresários, como a redução de impostos. O presidente da Fiesp se uniria a Bolsonaro para atrapalhar os planos do governador de São Paulo, João Doria, na disputa pela reeleição ou na candidatura a presidente, em 2022.
O descontentamento, presente de forma mais intensa desde que Skaf passou a ser visto como um dos articuladores da criação do Aliança pelo Brasil, novo partido de Bolsonaro, em São Paulo, veio a público pela primeira vez em janeiro. Em artigo escrito com outros empresários e publicado no jornal “Folha de S.Paulo”, o ex-presidente da Fiesp Horácio Lafer Piva criticou o que chamou de partidarização da entidade.
“O que fazem os presidentes de sindicatos e os bons nomes que ocupam conselhos da entidade, a com seu silêncio compactuar com o uso político, partidário mesmo, escolhas duvidosas, culto a personalidades?”, questiona o texto. Nas entrelinhas, a crítica, e o temor, é que a Fiesp perca seu papel de interlocutora e torne-se irrelevante.
A recepção a Bolsonaro na Fiesp nesta semana e a troca de afagos públicos entre os dois personagens provocou mais insatisfação. Mas um empresário a par dessas divergências lembra que Skaf já fez inúmeras outras incursões políticas — e segue à frente da entidade há anos, com poucos períodos de licença. E, ainda assim, conta hoje com o apoio de mais de cem dos 132 sindicatos patronais que a entidade representa.