Lula admite disputar Presidência em 22
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Com sinais dúbios e declarações conflitantes sobre quem pretende indicar para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que abre em novembro, com a aposentadoria do decano Celso de Mello, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) convive em seu ministério com três fortes candidatos: os ministros Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública; Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência; e André Mendonça, da Advocacia-Geral da União. Dependendo do momento político, um nome fica em maior evidência ou cai, movimento que deverá se manter até o fim do prazo na opinião de políticos e pesquisadores ouvidos pela reportagem.
Atualmente, o nome de Moro voltou a ganhar força, como resultado da vitória do ex-juiz na queda de braço sobre a divisão ou não do Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Moro é o personagem central nessa questão. Bolsonaro mostra que o considera um possível adversário político e quer neutralizá-lo, mas ainda não encontrou um jeito de fazer isso”, avalia o cientista político Leon Victor de Queiroz Barbosa, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco.
“Sempre ficou claro que o presidente atraiu Moro para o governo tendo a vaga no STF como garantia, porque ele abriu mão da carreira na magistratura. O momento em que ele será indicado é que ficou nebuloso, mas os ventos são favoráveis agora, porque a ala da direita descontente com Bolsonaro, os lavajatistas, poderá apostar forte numa candidatura de Moro à Presidência se ele for, além de desidratado, preterido”, avalia ainda o pesquisador, que trabalha com foco em estudos jurídicos e ligados ao STF.
O próprio Moro, que costuma evitar o assunto da indicação, passou a dizer: “A perspectiva pode ser interessante e natural na minha carreira. Eu venho da magistratura, né?”.
A ascensão de Moro nas “bolsas de apostas” rebaixa – momentaneamente – as chances de Jorge Oliveira. O nome do secretário-geral da Presidência começou a ser citado nos últimos meses à medida que cresceu a confiança do presidente no ministro, com quem despacha diariamente.
Como mostra a postagem abaixo, do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, o grande trunfo de Oliveira na corrida ao Supremo é sua lealdade ao chefe. A relação dele, que é major da reserva da Polícia Militar do DF, com os Bolsonaros é longa e precedida por seu pai, o capitão do Exército Jorge de Oliveira Francisco, que foi chefe de gabinete de Jair Bolsonaro por duas décadas.
Parte da imprensa diagnosticou erroneamente q o SAJ Jorge Oliveira @jorgeofco pode ser obstáculo para que o nome preferido deles chegue ao STF. Assim,esta extrema imprensa não pára de produzir fake news para jogar todos contra Jorge
Desconheço pessoa mais leal a JB do que Jorge.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) January 25, 2020
Jorge Oliveira também trabalhou no gabinete de Bolsonaro pai e foi chefe de gabinete de Eduardo, de quem é amigo pessoal.
Contra Oliveira, pesa a pouca experiência jurídica: ele é advogado com carteirinha da OAB há apenas seis anos. “E a resistência do mundo jurídico a essa inexperiência é algo que pesa. Aconteceu com o Dias Toffoli, apesar de ele ter conseguido a vaga. Mas é algo que vai marcar sempre a atuação dele, não será esquecido”, lembra o professor Barbosa.