Weintraub apaga história do MEC e faz apologia de si mesmo
Foto: VEJA
Depois de sumir com a exposição com 40 painéis que contavam a história do Ministério da Educação e a cronologia de gestões de décadas anteriores, Abraham Weintraub transformou o “túnel do tempo” do prédio num culto único e exclusivo à sua gestão.
Não há referência alguma sobre o passado. Zero. Como se a pasta fosse criada na gestão Bolsonaro, a partir de 2019.
Em dezembro, Radar revelou a retirada dessas imagens, textos e fotos. Agora, os 40 painéis só tratam dos “feitos” de Weintraub.
São seis painéis sobre a Escola Cívico-Militar – “a educação do Brasil ganhou reforço” -, e apresentado como a solução para resolver problemas como taxas de abandono escolar, 77%, e de de reprovação dos alunos é 37,4%.
“Gestão nas áreas educacional didático-pedagógica e administrativa com a participação do corpo docente da escola e apoio dos militares”, diz um dos painéis.
Outros tratam da Estudantil, a carteirinha para se contrapor a UNE.
“Gratuita e na palma da mão. A carteirinha estudantil do governo federal possibilita acesso à meia-entrada em eventos culturais e esportivos”.
O Diploma Digital também aparece na exposição de Weintraub, “à prova de falsificações”.
“Diploma superior na palma da mão. Fácil, rápido e prático. Acesso ao diploma em qualquer lugar e a qualquer hora pelo celular ou pelo computador”.
Um dos últimos programas do ministro está ali. É “Conta prá mim”, lançado em dezembro, para estimular que familiares leiam para as crianças.
“A leitura, a conversa, a escrita, tudo fica melhor quando feito em família”, diz um dos painéis.
O painel foi instalado no segundo mandato do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com o então ministro Paulo Renato. É chamado de “túnel do tempo” por também ser o espaço que liga o prédio principal do ministério a um de seus anexos..
Antes do sumiço das peças, constavam ali a criação do Fundef, por Paulo Renato, passando pelo Prouni, do então ministro Fernando Haddad, do governo de Lula; e chegando até reforma do ensino médio, na gestão do ministro Mendonça Filho, no governo de Michel Temer.
Na anterior, havia uma foto do educador Paulo Freire, alvo de ataques do atual governo.
Em dezembro, o MEC informou que a retirada dos painéis seria para fazer uma “atualização do conteúdo” do que estava exposto ali. E informou que aqueles painéis, agora retirados, estão no site do MEC.