Até aliados criticam Bolsonaro por coronavírus
Foto: Reprodução/Istoé
O comportamento do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia de coronavírus tem gerado críticas até entre aliados do Palácio do Planalto. Em caráter reservado, parlamentares da base governista disseram que o presidente vem cometendo uma sucessão de erros políticos ao minimizar o vírus e temem a repercussão que isso pode ter entre eleitores de direita.
Parlamentares da base bolsonarista ouvidos pela reportagem revelaram temor com o isolamento político de Bolsonaro e avaliaram que o patrimônio político do presidente pode ter sido “danificado” pela forma como ele conduziu a crise.
Parlamentares de outros campos políticos também reagiram a Bolsonaro. “O presidente fez tudo errado na coletiva. O ministro da Saúde, que mostrou uma certa competência, estava completamente constrangido”, disse o presidente do Cidadania, Roberto Freire.
Para o deputado Vinicius Poit (SP), vice-líder do Novo na Câmara, o presidente tratou com “falta de responsabilidade” e de “seriedade” a crise do coronavírus quando os primeiros casos começaram a aparecer no País. “Duas vezes ele insistiu que era histeria. A gente fica com vergonha vendo os outros líderes mundiais.”
Segundo o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), um dos mais próximos aliados de Bolsonaro na Câmara, o presidente “percebeu” que precisa ser protagonista no debate sobre o coronavírus e mudou de atitude. “O coronavírus é uma realidade”, afirmou o parlamentar.
Antiga aliada, Joice Hasselmann, líder do PSL, disse que o presidente entendeu que o problema “não é só marolinha”. “Depois do comportamento irresponsável do presidente no último domingo, parece que caiu a ficha”. Segundo ela, o presidente Bolsonaro falou “muita bobagem, muita besteira”.
A oposição também reclamou do comportamento de Bolsonaro. Para a deputada federal Gleisi Hoffmann, o governo não entendeu o “tamanho da crise”. “Chega a ser um desrespeito quando ele finalmente resolve falar ao país e aparece de máscara. As medidas apresentadas hoje são muito pequenas, quase insignificantes”, diz a deputada “O fato é que o governo não tem um plano de contingenciamento para a crise”.