Bolsonaro é único chefe de Estado a minimizar coronavírus

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Foto: Reprodução/O Globo

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, apesar de ter sido orientado a ficar em isolamento até fazer um novo exame para saber se está com coronavírus, foi ao encontro de apoiadores que se manifestavam em Brasília neste domingo, 15. Ele tirou selfies, tocou e foi tocado em pelo menos 272 pessoas.

Nas redes sociais, a palavra “irresponsável” foi usada em críticas às atitudes do presidente. Lideranças políticas que rivalizam com Bolsonaro, como o governador João Doria (PSDB), e seus desafetos, como o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, endossaram o discurso de que Bolsonaro agiu de forma errada ao expor apoiadores e se expor em meio à pandemia do novo coronavírus.

Enquanto isso, apoiadores do presidente foram às ruas para se manifestar a favor do governo, mesmo após o presidente sugerir, em transmissão ao vivo no dia 12 março, o adiamento das manifestações. Apesar do discurso, Bolsonaro compartilhou fotos e vídeos dos atos deste domingo em seu Twitter.

No pronunciamento oficial sobre o coronavírus que fez no dia 12 de março, Bolsonaro falou que não há motivo para pânico no País e, de forma geral, afirmou que o País está enfrentando o problema, sem dar detalhes. Também transferiu parte da resposabilidade aos Estados, dizendo que o governo federal transfere a Estados e municípios informações para que cada um se organize para atender a população.

Na sexta, 13, o governo liberou dinheiro extra para o sistema de saúde do País. Cerca de R$ 5 bilhões em crédito extraordinário foram liberados por medida provisória. Além disso, recomendou medidas mais restritivas para evitar o avanço do novo coronavírus, entre elas o isolamento por 7 dias de todas as pessoas que chegam de viagens internacionais, mesmo sem sintomas, e cancelamento de eventos com aglomerações.

O governo passa a considerar também a hipótese de realizar quarentena em locais onde a ocupação de leitos de UTI para a nova doença ultrapassar 80%.

O Estado reuniu medidas concretas e atitudes de outros chefes de Estado a respeito da pandemia de coronavírus. Veja algumas medidas que cada um tomou até agora:

O presidente americano Donald Trump chegou a dizer que estava despreocupado em relação aos contatos com Fábio Wajngarten, chefe da Secom que está com coronavírus, e Jair Bolsonaro, que testou negativo, mas também fez exames para garantir que não estava com o vírus em seu organismo. Declarou estado de emergência no País para poder mandar até US$ 50 bilhões em recursos para os estados americanos. Apesar de, no Twitter, escrever em caps lock DISTANCIAMENTO SOCIAL, Trump apertou a mão de todos os presentes no anúncio do estado de emergência.

 

Presidente da China, onde os primeiros casos do novo coronavírus foram identificados, Xi Jinping tomou medidas radicais, como proibir habitantes de deixarem Wuhan, epicentro da pandemia. Vídeos divulgados pela imprensa estatal chinesa mostram cidadãos sendo orientados a usar máscaras por drones com alto-falantes após o presidente pedir “orientação eficaz à opinião pública”. Ele esteve em Wuhan recentemente.

Chefe de Estado da Itália, um dos países mais afetados pela pandemia, o premiê Giuseppe Conte colocou o país em total isolamento no início do mês para tentar conter o avanço do coronavírus. Reuniões públicas foram banidas, eventos cancelados e a recomendação do governo é que as pessoas fiquem a pelo menos um metro de distância umas das outras.

A chanceler alemã Angela Merkel pediu aos cidadãos de seu país que restrinjam ao máximo os contatos sociais para conter a disseminação do coronavírus. Ela sugeriu o cancelamento até de eventos com menos de mil pessoas – antes, o governo tinha banido aglomerações com este número de participantes ou mais.

Merkel protagonizou uma cena inusitada no início do mês, quando o país já registrava 150 casos da doença. Ela foi deixada “no vácuo” ao tentar cumprimentar com um aperto de mãos o ministro do Interior do país, Horst Seehofer, em uma reunião. Ela riu da situação.

O presidente da França Emmanuel Macron decidiu proibir reuniões ou eventos com mais de 100 pessoas por causa do coronavírus, anunciou fechamento de escolas e disse que era preciso limitar o contato entre as pessoas devido ao vírus, sugerindo a empresas que pedissem para seus funcionários trabalharem de casa.

O presidente espanhol Pedro Sánchez também decretou quarentena em seu país. Sánchez anunciou que as pessoas só poderiam sair sozinhas no país para comprar alimentos, remédios e outros itens básicos. As pessoas estão autorizadas a viajar entre cidades de carro ou de avião para trabalhar. A esposa de Sanchez, Begoña Goméz, testou positivo para o vírus. O gabinete de Sanchéz informou que os dois seguem medidas de prevenção e estão bem.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fechou as fronteiras do País para quaisquer pessoas – mesmo russos – vindos da Itália. Antes, já tinha banido a entrada de cineses. Na sexta, repórteres que acompanham o dia-a-dia no Kremlin foram orientados a não comparecer aos eventos oficiais caso estejam se sentindo indispostos – uma precaução para proteger os funcionários do governo. O apelo veio um dia depois de o Parlamento russo informar que estava desinfectando suas dependências após um parlamentar que ignorou uma quarentena comparecer a uma sessão em que Putin estava.

O preisdente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, declarou partes do sudeste do país atingidas de forma intensa pelo coronavírus como “zonas especiais de desastre”. Com a designação, residentes destas áreas podem receber ajuda emergencial, benefícios tributários e outros tipos de suporte financeiro por parte do governo. É a primeira vez que a Coreia do Sul dá a áreas do país esse tipo de designação por conta de uma doença infecciosa.

O primeiro-ministro Shinzo Abe declarou que se mantém otimista que o país poderá sediar a Olimpíada de Tóquio apesar do coronavírus. Ele diz esperar avanços em relação ao controle do coronavírus no País. No mês passado, ele anunciou que o país agiria em conjunto com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para atuar contra o propagação do vírus. Para ele, não houve “explosão” no número de casos e não há até agora necessidade de declarar emergência nacional.

Estadão