Divergências entre Bolsonaro e governadores sobre coronavírus confundem população
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
A pandemia do coronavírus testa a reação dos governadores e do presidente a um temor que é global. Por enquanto, o que se vê são reações díspares, que confundem o cidadão comum. Assim como ocorreu nos países afetados, cada governador tenta respostas diferentes. E o presidente Jair Bolsonaro, que até anteontem minimizava o impacto do vírus, passou hoje a ser monitorado e fez exames para saber se está com a doença, com a descoberta de que seu secretário especial de Comunicação, Fabio Wajngarten, que viajou semana passada com ele aos Estados Unidos, está com a doença.
É o primeiro desafio de fato hercúleo que todos os governadores terão de tratar. João Doria, de São Paulo, tentou tranquilizar a população, dizendo que cerca de 80% dos pacientes que contraíram a doença terão poucos sintomas e não precisarão recorrer ao sistema público de saúde. “O Estado está pronto para qualquer nível de enfrentamento”, disse o governador, diante do fato de que o mundo está ainda perplexo e não há medida assertiva que garanta controle.
Mais draconiano, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, suspendeu as aulas nas rede pública, desde ontem. Para a rede privada, ficou a recomendação – que será atendida. Foram suspensos eventos de grande porte. Foi criticado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O governador do Rio, Wilson Witzel, já determinou quarentena, internação compulsória e isolamento aos pacientes contaminados.
Acalmar a população é parte de um conjunto complexo de medidas, que correm o risco de se transformar em negligência. Mas estimular a incerteza pode estimular o pânico e abarrotar as redes públicas de pacientes apavorados com a possibilidade de contaminação. É um vírus que demanda imediata ação pública. E entender os efeitos dele nos vários aspectos, do econômico ao turístico, da saúde pública à Educação, é o desafio maior dos gestores em um momento pleno de incertezas.