Fake news prejudicam famílias inteiras
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Em tempos de pandemia, a propagação de fake news nas redes sociais sobre o coronavírus também tem ganhado velocidade, levando medo, sofrimento e preconceito em alguns lugares do país.
A pernambucana Victoria Saraiva, de 23 anos, deixou sua cidade Serra Talhada, no Sertão do Pernambuco para ser internada em um hospital de Recife.
Mesmo antes do resultado do teste para COVID-19 ser divulgado, em sua cidade já corria a informação de que ela estava contaminada e sua família passou a ser hostilizada. Para conter a situação, Victoria gravou um vídeo com um desabafo onde praticamente implora para que parem com as fakenews.
Victoria testou negativo, mas segue em quarentena porque esteve internada em um dos hospitais do Recife que estão recebendo pacientes para tratamento de Covid-19.
O vídeo em que Victória desabafa sobre o sofrimento por conta das informações falsas chamou atenção nas redes sociais, mesmo lugar onde a notícia falsa havia ganhada espaço, e teve centenas de compartilhamentos e visualizações.
No vídeo, cansada e abatida, Victoria implora: “minha gente, isso que está acontecendo comigo pode acontecer com qualquer um de vocês. É uma pandemia. Por favor, não acreditem em fake news. Parem de ficar divulgando isso”, desabafa.
Segundo ela, sua família, que vive na cidade de pouco mais de 80 mil habitantes, era a sua maior preocupação, e foi por esse motivo que resolveu se expor, gravando o vídeo ainda quando ainda estava no leito do hospital.
“Meus pais e todos que tiveram contato comigo ficaram em quarentena também. Todos ficaram muito chateados com as fake news porque as pessoas tinham até receio de chegar perto”, disse a jovem.
Caso em São Paulo
Em São Paulo, a farmacêutica Juliana Katijani também precisou se manifestar através de um vídeo para impedir que notícias falsas sobre a morte do seu marido continuassem sendo compartilhadas.
O marido dela, médico do quadro de funcionários da rede Prevent Sênior, está internado em um hospital da unidade há quase três semanas. Wagner Katijani de 57 anos deu entrada no hospital com um quadro grave de pneumonia. Logo, as notícias se espalharam pelas redes sociais de que ele tinha morrido em decorrência de contaminação por coronavírus.
Após ver as notícias falsas circulando nas redes sociais, Juliana conta que viajou de Mogi das Cruzes, onde mora, até São Paulo, para confirmar a informação. “Até eu chegar, foi um sofrimento tremendo. Espero que respeitem a família de quem está passando por isso. Isso é muito grave, fere a família, o sentimento de todos”, disse.
No dia 20 deste mês, o resultado do teste deu positivo para COVID-19. Na mesma semana, ele começou a ser tratado com doses de cloroquina e azitromicina. “Eu autorizei o hospital a fazer o tratamento, porque ainda tinha esperança”, comentou.
Um novo exame realizo na última quinta-feira deu negativo para coronavírus. “Eu fiquei muito feliz porque é uma esperança. Agora ele continua internado porque ainda não melhorou da pneumonia”, conta Juliana.