Livre de bolsomínions, CPMI focará nos Bolsonaro
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Com a troca de representantes do PSL na Comissão Parlamentar Mista das Fake News, deputados e senadores esperam aprovar nesta quarta-feira (11/03) a prorrogação dos trabalhos por mais seis meses. Após a substituição dos membros do partido no colegiado por manobra da nova líder, Joice Hasselmann (PSL-SP), os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro passaram a não ter mais vantagem numérica no colegiado e, por isso, o requerimento deverá ser colocado em votação o mais rapidamente possível.
A expectativa dos ex-aliados do presidente é de que, a partir da prorrogação, mais documentos que apontem supostas ligações dos filhos de Bolsonaro com a propagação de notícias falsas e difamatórias contra adversários sejam apresentados.
A deputada Joice Hasselmann (SP) tirou da comissão grandes aliados do antigo líder, o filho “03” do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que é um dos alvos das investigações realizadas pela comissão.
Saíram do colegiado os deputados Caroline de Toni (SC) e Filipe Barros (PR), que eram membros titulares, além de Carla Zambelli e Carlos Jordy (RJ), suplentes. Eles foram substituídos por Júnior Bozzella (SP) e Nereu Crispim (RS), como titulares, e Delegado Waldir (GO) e Heitor Freire (CE), como suplentes. Os quatro são aliados do presidente da legenda, Luciano Bivar (PSL-PE), deputado rompido com Bolsonaro.
O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), que chamou o presidente Jair Bolsonaro de sua “maior decepção”, finalizou a coleta de assinaturas para a prorrogação nesta terça-feira (10/03). Ele informou que tanto na Câmara quanto no Senado os apoios eram suficientes para a apresentação do requerimento destinado a manter a comissão funcionando. Frota defende a prorrogação do prazo justamente para a análise do resultado das quebras de sigilos de contas do Twitter e do Instagram aprovadas pela comissão. Até o momento, a comissão teve acesso a aproximadamente 70 contas do Facebook, que ainda estão sendo analisadas.
“Levou muito tempo para chegarem as quebras de sigilo. Agora, é que vão começar a chegar as das contas do Twitter, do Instagram”, disse o deputado.
Na semana passada, um dos documentos encaminhados à CPMI mostrou que um assessor do deputado Eduardo Bolsonaro usou um computador da Câmara dos Deputados para criar página com ataques pessoais contra adversários políticos. O documento faz parte do conjunto de informações fornecidas à comissão pelo Facebook.
A conta, que foi apagada após a divulgação, era chamada “Bolsofeios” e foi registrada a partir de um IP dentro da Câmara. O IP é um número único, usado para identificar cada computador conectado a uma rede.
O e-mail utilizado no cadastro da página é utilizado por Eduardo Guimarães, secretário parlamentar de Eduardo Bolsonaro. Notas fiscais apresentadas à Câmara por Eduardo Bolsonaro em janeiro mostram que Guimarães usou esse mesmo e-mail como endereço de contato.
Um dos resultados da quebra de sigilo apontou também a página SnapNaro como uma das contas no Instagram usadas para disseminação de fake news e ataques a adversários do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com as investigações, esse perfil foi editado na rede de computadores do Senado entre fevereiro e maio de 2019.
A SnapNaro havia sido citada pela deputada Joice Hasselmann em depoimento prestado ao colegiado em 4 de dezembro de 2019. No mesmo dia, poucas horas depois do fim da oitiva da parlamentar, a conta foi apagada.