Motim no Ceará encerra sem condenação clara por Bolsonaro e Moro
Foto: Jorge William / Agência O Globo
Embora tenham capitalizado nas redes sociais o fim do motim de policiais militares no Ceará, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o presidente Jair Bolsonaro foram hesitantes durante as duas semanas da paralisação ilegal.
Policiais Militares são um pilar importante da base eleitoral do presidente, que na carreira como deputado apoiou causas corporativas dos militares. Bolsonaro, em nenhum momento, se posicionou de forma contrária ao movimento grevista. Seus filhos e aliados chegaram a dar declarações favoráveis à paralisação.
O presidente determinou o envio da Força Nacional e do Exército ao Ceará e as tropas foram ajudar a suprir o déficit de policiamento nas ruas. Mas não atuaram para demover ou interromper o motim. No fim de semana, o Exército negou um pedido da Secretaria de Educação cearense para liberar uma escola pública invadida pelos policiais amotinados. Usou o argumento de que o decreto presidencial não incluía reintegração de posse como uma das atribuições da missão.
Ao reconhecer que a greve foi “ilegal”, no sábado, Moro completou a frase com um aceno aos policiais. O ministro disse que a paralisação descumpria a Constituição, mas que os policiais não deviam “ser tratados como criminosos”.
É uma eventual punição aos policiais cearenses que dirá se o desfecho da greve da PM terá ou não a capacidade de desestimular que o motim se repita em outros estados. É positivo que o acordo costurado pela comissão formada por integrantes dos três poderes estaduais não tenha incluído uma garantia de anistia, tradição em paralisações anteriores. Além das investigações a cargo das autoridades cearenses, o Ministério Público Federal também abriu procedimento para apurar possível crime contra a segurança nacional.