Pacote anticrise do governo ignora trabalhador informal
Foto: Reprodução/Carta Capital
As medidas do governo são boas, mas é preciso ficar claro que há pouco dinheiro novo nesses R$ 147 bilhões anunciados pela equipe econômica. Há dinheiro que deixará de ser pago pelas empresas ao governo durante um tempo, como o recolhimento ao FGTS e o simples Nacional, além de contribuições ao Sistema S, que cairão 50% por um determinado período. Essa é a parte que o governo chama de proteção ao emprego. Também haverá liberação de crédito a pequenas e médias empresas. O dinheiro na mão das famílias será antecipado, o 13º dos aposentados. Abono salarial também será pago antes.
O grande ausente desses programas de ajuda é a parcela de trabalhadores informais. Empresas pequenas que não pagam impostos ou pessoas que não têm vínculo empregatício. Ou aqueles que não conseguiram se aposentar. Quem recebe BPC, também não.
O ministro Paulo Guedes disse que as medidas socorrem os mais vulneráveis, mas quem está fora do sistema não consegue receber auxílio. O adiamento da prova de vida do INSS é boa notícia, porque diminui o risco de contágio, justamente na faixa etária mais vulnerável. É preciso agora pensar em novas medidas para agilizar o processo e diminuir a fila, que continua muito grande.
O ministro sabe que esse programa é insuficiente e a cada 48 horas novas medidas poderão ser anunciadas. Foi um passo na direção certa, mas ainda um passo tímido. A ampliação do Bolsa Família é apenas a ampliação de um programa que havia sido diminuído no governo Bolsonaro.