96 advogadas repudiam exaltação da ditadura por Bolsonaro e Mourão
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Em nota pública, 96 advogadas manifestaram repúdio, nesta terça-feira, 31, contra comemorações do presidente, Jair Bolsonaro, do vice, Hamilton Mourão, e do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, em torno do aniversário do golpe militar de 31 de março de 1964. A deposição do presidente João Goulart, naquele ano, foi o início de uma ditadura de 21 anos que cassou direitos políticos, exterminou adversários e censurou a imprensa e a cultura.
“A postura negacionista e revisionista que tão bem frutifica dentro das entranhas de um Governo que já demonstrou seu desapreço às ciências, às liberdades civis e à verdade histórica, só pode ser classificada como irresponsável, desrespeitosa, ultrajante e, acima de tudo, perigosa para o próprio Estado Democrático de Direito”, afirmam as advogadas.
Segundo elas, o ‘Golpe de 1964 foi um acinte violador e antidemocrático, mácula indelével na história brasileira, da qual jamais poderemos esquecer, para jamais permitir que se repita’.
“Nesse contexto de tentativas assíduas de ver a história reescrita em busca de uma verdade mais conveniente, espera-se, mais do que nunca, sobriedade de nossas autoridades, para que saibam o local que ocupam e cumpram o papel que lhes é assegurado constitucionalmente, de guarda da nossa jovem democracia”, afirmam.
O presidente Jair Bolsonaro disse, na manhã desta terça-feira, que o aniversário do golpe militar de 31 de março de 1964 é um “grande dia da liberdade”. Ele fez a declaração após um comentário de um simpatizante sobre a data na portaria do Palácio da Alvorada.
Ainda pela manhã, o vice-presidente Hamilton Mourão escreveu no Twitter um post para defender o golpe militar. Ele publicou que as Forças Armadas “intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população”. “Com a eleição do General Castello Branco, iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil”, destacou. Mourão ainda divulgou a hashtag #31deMarçopertenceàHistória.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, numa “Ordem do Dia”, lida nos quartéis, afirmou que o golpe foi “um marco para a democracia brasileira”. “O Brasil cresceu até alcançar a posição de oitava economia do mundo”, ressaltou na nota Tanto Bolsonaro, quanto o vice e o ministro seguiram uma interpretação, que hoje se limita à caserna, desqualificada por historiadores brasileiros e brasilianistas, de que o País avançou na economia e na liberdade política a partir da queda de João Goulart.