Abandonada, Paraisópolis se prepara para pandemia
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Quase sem estrutura, os veículos percorrem as vielas para chegar a quem não consegue sair de casa para ir a um posto ou unidade básica.
A fiorino branca trouxe um pouco de esperança para o Roberto, diagnosticado com o coronavírus. “Fui pro hospital às pressas, sem ar, já me colocaram no oxigênio. Então esses médicos estão de parabéns, estão dando assistência de qualidade.”
O Diego Cabral é dono de uma rede de ambulâncias e percebe como o trabalho na comunidade faz diferença nesses tempos de incerteza em relação à pandemia.
“Nós fazemos todo o processo de triagem hospitalar dentro de uma ambulância. As ambulâncias viraram o hospital da comunidade. A sobrecarga dos atendimentos públicos foi toda direcionada para nós.”
Em alguns casos, médicos e enfermeiros vão até as casas no meio da comunidade dar orientações e fazer algum atendimento básico.
Para o presidente da associação de moradores de Paraisópolis, Emerson Barata, a batalha contra o vírus vai ser muito mais difícil para quem é da periferia.
“O trabalho que a gente está fazendo é em um cenário de guerra. Se o Brasil está em guerra, as favelas estão duas ou três vezes a mais. Quando a gente fala de saúde pública na favela é pior ainda. Então a comunidade tem essa preocupação de salvar os moradores.”
A maior preocupação do Roberto agora é com o futuro da família. “Não preocupado por mim, mas pelos meus filhos, pela minha famílias, pessoas que dependem de mim. Eles precisam de mim e eu creio que vou poder ensinar os bons caminhos pra eles.’
A prefeitura de São Paulo dobrou o número de carros de som que andam pelas periferias alertando os moradores para que fiquem em casa. Viaturas da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar também auxiliam nesse trabalho nas favelas.