Após aliança com Roberto Jefferson, Bolsonaro desdenha política

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Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

No momento em que ensaia uma aproximação com os partidos do centrão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não descartou nesta quarta-feira (22) a possibilidade de aceitar indicações políticas para cargos do governo.

Na entrada do Palácio da Alvorada, onde parou para cumprimentar simpatizantes, o presidente disse não saber se manterá a atual política de preenchimento de cargos de segundo e terceiro escalões.

“Não sei, pô”, afirmou. “Todo mundo que está em Brasília tem um passado político. Foi filiado, foi simpático ou já trabalhou em algum governo.”

Bolsonaro ressaltou que há milhares de cargos em segundo e terceiro escalões.​E que, por isso, não tem condições de saber quem entra e quem sai.

“Eu troco um cara no Piauí. Aí, ele tinha filiação com um partido, que é simpático a nós. Pronto, já falam que eu dei um cargo para o cara”, afirmou. “Eu não fico perseguindo ninguém por ser de tal partido”, acrescentou.

Na tentativa de montar uma base aliada, o que rejeitou durante todo o seu primeiro ano de mandato, o presidente avançou na semana passada na negociação com partidos de centrão e, nesta semana, iniciou conversas também com o DEM e com o MDB.

Nesta quarta, o presidente teve mais um encontro com integrantes de partidos do chamado centrão.
Os líderes do PP, Arthur Lira (AL), Wellington Roberto (PB) e Jonathan de Jesus (RR) se reuniram com o presidente e o ministro da Saúde, Nelson Teich, após entrevista coletiva do titular da pasta no Palácio do Planalto.

No encontro, o ministro disse está reunindo dados sobre o coronavírus para apresentar um posicionamento oficial da pasta sobre o isolamento social, sobre o qual foi questionado, e diretrizes para o combate à doença.

Teich também disse estar preocupado com o acesso que outros pacientes doentes, como os diagnosticados com câncer, estão tendo ao tratamento nos hospitais durante a crise.

Também estiveram no encontro o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), o deputado Antonio Brito (PSD-BA), presidente da comissão de Seguridade Social, e Luiz Antonio Teixeira Júnior (PP-RJ), que comanda a comissão de acompanhamento às ações de combate ao coronavírus.

Durante toda a campanh​a eleitoral, o presidente tinh​a afirmado que sua administração não teria loteamento de cargos em troca de apoio no Legislativo, promessa que ele tem sinalizado que pode descumprir agora.

O encontro desta quarta com os líderes do centrão ocorre em mais um gesto de aproximação do presidente com esses deputados na tentativa de montar uma ampla base de apoio no Congresso.

Após a reunião, na rápida entrevista na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse ainda que não avalia fazer uma reforma ministerial neste momento e que não pretende recriar o Ministério do Trabalho para acomodar o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.

“Não está prevista [reforma ministerial]. Só se algum ministro quiser sair”, afirmou. “No momento, eu não pretendo trocar ninguém”, acrescentou.

O presidente disse que faz dois anos que não conversa com Jefferson e ressaltou que não avalia dar um caro a ele na administração federal.​

“Vocês falaram que eu ia recriar o Ministério do Trabalho. Quem inventou isso aí? A última vez que eu conversei com Roberto Jefferson eu estava em um lugar qualquer do Brasil. No aeroporto, eu conversei com ele. Tem uns dois anos que não converso com Roberto Jefferson”, afirmou Bolsonaro.

Folha