Câmara aprova “convite” para Teich depor
Foto: Jorge William / Agência O Globo
A Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha as medidas de combate ao coronavírus cobrou a liberação pelo governo de mais de cerca de R$300 milhões em emendas destinadas a ações de saúde no estado do Amazonas. Em sessão por videoconferência nesta quarta-feira, a comissão decidiu convidar o ministro da saúde Nelson Teich para falar sobre as ações do Ministério da Saúde em relação à pandemia. A data será fixada pela comissão nos próximos 15 dias. A ideia é questionar o ministro sobre medidas do governo para auxiliar os estados cujos sistemas de saúde estão entrando em colapso.
Caso aceite o convite, será a primeira participação de Teich em reuniões no Congresso no cargo de ministro. Ele foi empossado na sexta-feira passada, após a demissão de Luiz Henrique Mandetta, exonerado do cargo por divergências com o presidente Jair Bolsonaro na condução das medidas de combate ao vírus.
Para a relatora da comissão e presidente da Frente Parlamentar Mista da Saúde, Carmen Zanotto (Cidadania-SC), o convite é uma forma do colegiado manter uma “interlocução” com o Ministério da Saúde. “A fala do ministro é de suma importância para que a sociedade tome conhecimento das ações que serão colocadas em prática para reduzir essa pandemia”, explicou.
Além da convocação do ministro, a comissão também definiu uma rodada de visitas técnicas dos deputados aos sistemas de saúde em situação mais crítica. O primeiro local a ser visitado será Manaus. Segundo a secretária de saúde do Amazonas, Simone Papaiz, o estado, que tem a maior incidência da doença por milhão de habitantes, já tinha ocupação de 96% dos leitos na tarde de terça-feira.
O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) cobrou o pagamento das emendas impositivas pelo governo, segundo ele, não caso não haja um socorro ao estado, haverá uma “tragédia”. Ramos afirmou que o valor devido em emendas pode superar R$300 milhões. De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, o Brasil tem atualmente 45.757 casos confirmados da doença e 2.906 mortes.
– Os índices (da doença) no interior ainda são muito baixos, mas se eles crescerem teremos a maior tragédia da história do Amazonas, porque não temos nenhuma UTI no interior- afirmou o deputado. – Esse é um dinheiro que o governo é obrigado a pagar e já devia ter feito isso.
Ao final da sessão, em ligação ao ministro da Saúde, Nelson Teich, o presidente da comissão externa, deputado Luizinho (PP-RJ), cobrou prioridade para a liberação das emendas para o Amazonas.
– Não tem motivo para essas emendas não terem sido liberadas até o momento – afirmou.
Além dos deputados, o presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Ribeiro; a pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dálcomo; o vice-diretor de Serviços Clínicos do Instituto Evandro Chagas, Estevão Nunes, também participaram da sessão.
Durante a audiência, especialistas em saúde falaram a respeito das possibilidades de tratamento para a Covid-19. Os pesquisadores relataram que o país analisa atualmente 23 drogas que possam atuar no combate à doença. O presidente do CFM, Mauro Ribeiro, voltou a falar que não há comprovação científica da eficácia da hidroxicloroquina e disse que o CFM deve se manifestar em breve sobre a questão.
– Não sou catastrofista, mas algumas dezenas de milhares de brasileiros vão morrer e não temos uma droga nesse momento para tratar essa doença. Temos uma situação totalmente politizada, uma disputa pela paternidade da hidroxicloroquina, que é uma droga que não se sabe se tem efeito ou não – disse.
O Ministério da Saúde requisitou ao CFM que edite uma recomendação a respeito da prescrição da hidroxicloroquina no tratamento de Covid-19, mas até o momento o órgão ainda não se manifestou.