Conselho de Medicina vai a Bolsonaro contra cloroquina
Foto: Jorge William / Agência O Globo
O Conselho Federal de Medicina (CFM) encaminhou, nesta quinta-feira, ao Palácio do Planalto um pedido de audiência com o presidente Jair Bolsonaro para entregar um documento elaborado pela entidade sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no enfrentamento ao novo coronavírus.
Segundo fontes, o ofício foi enviado ao Planalto horas antes de o presidente demitir Luiz Henrique Mandetta e escolher o oncologista Nelson Teich para comandar o Ministério da Saúde.
O uso da cloroquina para combater a Covid-19 era um dos principais pontos de divergência entre Mandetta e Bolsonaro. Na véspera da demissão, o então ministro da Saúde voltou a criticar o uso do remédio para pacientes em estágio inicial do novo coronavírus e defendeu que a prescrição seja feita apenas no âmbito da relação entre médico e paciente.
No ofício, o presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, solicita “audiência urgente” com Bolsonaro “para entregar, em mãos, documento elaborado pelo Conselho Federal de Medicina com recomendações sobre a possibilidade de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina, durante o período de enfrentamento à pandemia de COVID-19”.
“Entendemos que esse posicionamento será relevante para adoção de futuras medidas relacionadas ao combate dessa doença que assola o Brasil e o mundo”, diz o texto.
A entidade também usou o ofício para manifestar apoio a qualquer decisão que Bolsonaro viesse a tomar em relação ao comando da Saúde.
“O Conselho Federal de Medicina (CFM) manifesta, publicamente, seu entendimento de que V. Exa. tem total liberdade para indicar o nome que assumirá o Ministério da Saúde, o qual contará com apoio incondicional desta autarquia em reconhecimento pela forma republicana, digna e respeitosa como V. Exa. se relaciona com esta instituição e os médicos brasileiros.”
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Ao GLOBO, Mauro Luiz de Britto Ribeiro afirmou que, embora não fosse o ideal uma “solução de descontinuidade” em meio à pandemia, o CFM apoia o novo ministro.
– O Conselho dá todo apoio ao novo ministro e ao presidente Bolsonaro – disse.