Desigualdade vai influir em efeitos do vírus na periferia

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Foto: EBC

As diferentes expectativas de vida dos estratos sociais brasileiros podem contribuir para que os efeitos do coronavírus sejam sentidos de forma diversa em regiões até dentro de um mesmo município.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, a concentração de idosos, mais vulneráveis à Covid-19, é maior nas regiões centrais: em Moema, a média de vida é de 80 anos. Em Cidade Tiradentes, de 57,3 anos.

“As ondas epidêmicas vão ser diferentes”, diz o infectologista Esper Kallás, da USP. “Elas podem ser maiores onde a faixa etária da população é mais alta e menores onde ela for mais baixa”, afirma ele.

“Haverá diferença entre regiões do país, estados e até mesmo entre bairros”, diz Kallás. “Cada uma terá características especiais.”

O pesquisador Marcelo Gomes, da Fiocruz, concorda que o fator idade pode fazer diferença. Mas diz temer que a característica, que poderia baixar a letalidade da Covid-19, seja anulada pelas condições de vida das populações nos lugares mais pobres.

“O adensamento facilita a contaminação pelo coronavírus. Há ainda problemas de saneamento, de acesso à água e de mobilidade, além da incidência maior de doenças como tuberculose. Temo que esses outros fatores possam ser mais fortes do que a proteção pela faixa etária”, afirma Gomes.

O acesso a hospitais, que será ainda mais dificultado no caso de uma explosão da doença, pode também aumentar o número de mortes que seriam evitadas com tratamento adequado.

Folha