Em plena pandemia, governo quer retomar jogos

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Foto: Adriano Machado

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse a empresários do Rio de Janeiro que o ministro da Saúde, Nelson Teich, vai recomendar a retomada dos jogos de futebol no país.

O retorno, segundo Bolsonaro, acontecerá em partidas com “portões fechados”, ou seja, sem público. Campeonatos esportivos foram suspensos no Brasil e no mundo depois da eclosão da pandemia de coronavírus. “Pelo que eu sinto no Brasil não é só empresariado, os trabalhadores também querem voltar a sua atividade. Por exemplo, hoje mesmo conversei com o ministro da Saúde e ele é favorável, vai emitir um parecer de modo que se volte o futebol, com portões fechados”, afirmou Bolsonaro em videoconferência com conselheiros da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). “É, da nossa parte, o que nós podemos fazer. Nós estamos colaborando com pareceres de modo que o comércio volte a funcionar o mais rápido possível”, prosseguiu o presidente.

A conferência aconteceu à tarde, mas não teve transmissão ao vivo. Jair Bolsonaro colocou os problemas econômicos ocasionados pela pandemia de coronavírus como mais importantes do que a questão da saúde das pessoas. Afirmou ainda que “problemas de entendimento” com o então ministro da Saúde Luiz Mandetta fizeram com que essa mensagem do governo não fosse transmitida corretamente à população. “Desde quando começou esse problema do vírus eu falava que tínhamos que nos preocupar com a questão do desemprego. Porque, da forma como se começou a tratar o assunto, sabíamos que essa onda [de desemprego] ia ser muito maior do que aquela proporcionada pelo vírus”, disse Bolsonaro aos empresários fluminenses.

“O ministro aí [Mandetta] foi trocado e restabeleceu-se a paz, e a informação que devia ser levada a todos por parte do Ministério da Saúde.” Hoje, o Brasil somou 5.017 mortes por covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde. Foram 474 óbitos só nas últimas 24 horas. Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro insiste em criticar medidas de isolamento social, recomendadas por cientistas, médicos e pela Organização Mundial da Saúde como meio de evitar a propagação em massa do coronavírus. Para o presidente, “a questão do vírus” é “como uma chuva”. “Nós temos que evitar que se molhe aqueles mais vulneráveis para que, ao se molhar, não pegar um resfriado, uma gripe, uma pneumonia e levar a óbito”, afirmou na videoconferência. Estão no grupo de risco pessoas com mais de 60 anos, hipertensos, diabéticos, asmáticos, obesos, gestantes, puérperas, doentes renais e imunodeprimidos. “Se se agravar mais ainda essa questão do emprego, nós podemos tá (sic) envolto numa situação calamitosa, né? Vamos chegar ao colapso. E daí eu não quero dizer aqui o que nós podemos ter de enfrentar pela frente”, disse o presidente concluindo a fala aos empresários.

Valor Econômico