Idosos somam 4 milhões em 397 cidades pequenas
Foto: Divulgação / Isabela Carrari / Prefeitura de Santos
A análise demográfica dos 397 municípios interioranos para onde avançou o novo coronavírus revela um número expressivo de pessoas acima de 60 anos, grupo mais suscetível a desenvolver casos graves da Covid-19. No conjunto de pequenas e médias cidades, de acordo com o Censo de 2010 do IBGE, vivem cerca de 38,9 milhões de habitantes, dos quais 4,2 milhões — o equivalente a 11% — estão no grupo de risco.
Essa proporção de idosos é maior em locais pouco populosos do Rio Grande do Sul, o estado mais idoso do país. Nas gaúchas São Domingo do Sul, Anta Gorda e Piratini, que juntas somam quatro casos confirmados da doença, os idosos são cerca de 20% da população. Trata-se das proporções mais altas entre as do grupo de municípios afetados.
Em Santos, no litoral de São Paulo, a fração se repete em um cenário mais desfavorável: mais numerosa, a população tem uma parcela de idosos que ultrapassa as 80 mil pessoas. De acordo com a prefeitura santista, o novo coronavírus circula pela cidade há duas semanas e já deixou quatro mortos e 104 casos confirmados.
— É um momento difícil para os idosos. Há a frustração, porque as privações do isolamento têm impacto sobre o modo de vida. Para os que têm famílias pequenas, os gastos podem aumentar. Para os que vivem com maior número de pessoas, pode ser difícil se isolar — afirma o economista e professor Marcelo Neri, diretor do FGV Social. — E há complicadores para a prevenção, como a baixa escolaridade de muitos deles, formados há décadas em escolas pouco desenvolvidas. A pouca intimidade com a tecnologia também pode prejudicar.