Mandetta só fica no cargo se Bolsonaro parar de interferir
Foto: Leonardo Prado/Agência Câmara/VEJA
Apesar de Jair Bolsonaro insistir — como fez neste domingo — nos ataques a Luiz Henrique Mandetta, o ministro da Saúde segue no cargo e com apoio cada vez maior de seu partido, o DEM, e da própria sociedade, como mostram pesquisas recentes.
Na última sexta, o Radar revelou os bastidores de uma dura conversa telefônica entre o ministro e o presidente. Mandetta deixou claro a Bolsonaro que não irá pedir demissão. O presidente, se tiver coragem, que o demita e assuma as consequências do ato.
O deputado Efraim Filho (DEM-PB), líder do partido na Câmara e próximo do ministro, dizia na semana passada que Mandetta estava tranquilo e que não pretendia bater boca publicamente com Bolsonaro. “O ministro Mandetta não quer sair da página da saúde para a página da política. Sobre a relação com o presidente, é cada um no seu quadrado”, disse Efraim ao Radar.
Resta saber se o ministro continua com a mesma posição nesta segunda, depois dos recados de Bolsonaro no domingo. Em conversa com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada, o presidente disse que “algo subiu na cabeça” de algumas pessoas do governo e que “a hora deles não chegou ainda não, mas vai chegar”. “Eram pessoas normais, mas de repente viraram estrelas. Falam pelos cotovelos”, completou.
Sem citar nomes, Bolsonaro afirmou que “não tem medo de usar a caneta” e que pretende usá-la para o “bem do Brasil”. Mandetta foi a estrela das lives de artistas nas redes nos sábado. Diante de três milhões de pessoas que acompanharam o show da dupla Jorge & Mateus, o ministro surgiu na tela defendendo as medidas do ministério de isolamento social.
“Importante que a música chegue, mas que a gente não aglutine, que a gente não coloque as pessoas no mesmo lugar. Os shows são feitos de casa. O show não pode parar, mas a aglutinação tem que parar. A gente precisa agora proteger um ao outro e o sistema de saúde se preparar para, no momento certo, a gente poder se abraçar”, disse Mandetta.
Bolsonaro não lida bem com quem lhe ofusca no governo. Já atacou da mesma forma Sergio Moro. Agora o faz com Mandetta.