Ministra da Agricultura também deve sair
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O distanciamento do governo federal em relação ao DEM colocou em questão um possível prejuízo à posição da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que é deputada federal licenciada e integra o partido. O cenário é de uma péssima relação do presidente Jair Bolsonaro com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A demissão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), e o rompimento do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), alimentam ainda mais a rede de intrigas.
Dois parlamentares, sendo um bolsonarista, contaram ao Correio que houve aumento de críticas à ministra Tereza Cristina, quando o desgaste com o DEM foi se acentuando. As principais oposições teriam vindo do setor “mais extremista” da base do presidente. A titular da Agricultura, entretanto, continuou com o apoio de Jair Bolsonaro.
O coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira (MDB-RS), afirma que a ministra foi indicada ao cargo não por integrar o DEM, mas também por ser “mulher, agrônoma, produtora rural, deputada federal e presidente da Frente”. De acordo com ele, alguns critérios para composição dos ministérios não observaram relação partidária, mas, sim, o currículo dos indicados.
“As críticas que Tereza tem sofrido não são de natureza partidária. É de um grupo de pessoas que ficou insatisfeito, pois achava que tinha de ser resolvida a questão do FunRural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural), que só não foi resolvida porque isso implicaria em responsabilidade fiscal do presidente. Não tinha contrapartida orçamentária para poder fazer isso”, disse.
Para Moreira, a ministra está acima de questões partidárias. “Não vejo nenhum problema em relação a ela nesse momento”, disse, frisando que Tereza Cristina tem total apoio da FPA e, até onde sabe, “total apoio do governo”.
Líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB) garante que a ministra se mantém fortalecida no governo. Mesmo em meio à relação conflituosa com integrantes do partido, como Mandetta, Maia e Caiado, o parlamentar afirma que os fatos não respingaram sobre ela.
“Ela tem se mantido discreta, focada no trabalho e mostrado excelentes resultados. Não a vi inserida em nenhum momento nesses debates, manteve o foco no agronegócio, que é o motor da retomada da economia no Brasil. Eu a vejo fortalecida. Com todos os interlocutores que falei, eles advogam a favor da ministra de forma unânime”, disse.
Quanto às críticas à ministra, Efraim Filho diz enxergar como um “desafeto pessoal” e não se relaciona ao fato de ela pertencer ao DEM. “O trabalho que a ministra realiza tem sido tão bom, tão reconhecido, que qualquer iniciativa nesse sentido não produziu efeitos capazes de desconstruir o belo trabalho”, afirmou.
Além disso, o deputado diz ver o convite de Bolsonaro para conversar com o presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, como um sinal de reaproximação entre o partido e o governo. O parlamentar nega que o DEM tenha perdido espaço no governo e afirma que a legenda conserva uma postura de independência e autonomia. “O partido tem votado e sido essencial na aprovação das matérias com as quais tem identidade, principalmente a agenda econômica”, pontuou.