Moro avisa CPMI que irá depor contra Bolsonaro
Foto: Sérgio Lima/Poder 360
Aliados próximos a Sergio Moro disseram ao UOL que o ex-ministro de Jair Bolsonaro (sem partido) está disposto a depor na CPMI que investiga a propagação de fake news no Congresso Nacional.
A expectativa pela confirmação é grande dentro do grupo. Moro deverá não só encarar as críticas de parlamentares fiéis ao presidente, como também de integrantes da oposição e do próprio presidente da CPMI, o senador Angelo Coronel (PSD-BA).
Ontem, o presidente da comissão disse ao UOL que Moro prevaricou ao não denunciar o presidente. O ex-ministro contou que Bolsonaro pediu para ter acesso a inquéritos sigilosos que correm na PF (Polícia Federal).
“A partir do momento em que Moro diz que o presidente pedia informações de inquéritos sigilosos, mas ele não fornecia essas informações, mas não denunciou o presidente, ele cometeu o crime de prevaricação”, afirmou.
O senador disse que Moro deverá ser convocado assim que a CPMI voltar a funcionar — a comissão foi suspensa por conta do novo coronavírus.
Segundo ele, a medida se justifica porque o ex-ministro declarou não ter assinado a exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da PF, publicado em Diário Oficial. Isto, para ele, se caracterizaria uma fake news.
“O argumento para convocação do ministro está em cima da assinatura que ele não deu”, argumentou.
A comissão quer aproveitar para perguntar a Moro se ele tem mais mensagens gravadas com Bolsonaro e para tentar comprovar se ele tem razão no que acusou o presidente.
O ex-ministro da Justiça também afirmou que Bolsonaro decidiu trocar a direção-geral da PF porque gostaria de ter acesso a informações de inquéritos sobre a família dele.
Procurado através de assessores, Moro não quis responder aos ataques do senador Angelo Coronel, mas também não afirmou que deixará de comparecer à CPMI por conta disso.
Depois da coletiva polêmica de sua exoneração, na semana passada, o ex-ministro optou por se preservar nos últimos dias. Ele evitou fazer comentários sobre a indicação do novo diretor da PF e das indiretas do presidente durante a posse de seu substituto, o ex- advogado-geral da União, André Mendonça.
Bolsonaro chegou a dizer que nenhum presidente conseguiu fazer o time dos seus sonhos e que seus integrantes “também se cansam”.
O ex-ministro também deve falar no inquérito aberto pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que trata de suas denúncias. O pedido de investigação foi feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras.