Pandemia se espalha na papuda e contamina policiais

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Foto: Reprodução/prof. Ana Claudia Lucas

Em menos de 24 horas, o número de policiais penais infectados com coronavírus dobrou. Dez servidores testaram positivo para a Covid-19. O vírus está se espalhando por diferentes setores do Complexo Penitenciário da Papuda. Outros 20 funcionários apresentaram sintomas e aguardam o resultado dos exames.

Os cinco servidores que foram diagnosticados primeiro estão lotados no Centro de Internamento e Reeducação (CIR). Os demais atuam nas penitenciárias do Distrito Federal I e II (PDF I e PDF II) e no Centro de Detenção Provisória (CDP).

Alguns presos também passaram por exames. O contágio, no entanto, ainda não foi comprovado. Entre os cinco contaminados do CIR, três são da mesma equipe de plantão. A unidade abriga cerca de 2 mil detentos, incluindo os que estão no semiaberto, mas sem benefício ao trabalho.

A determinação da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), órgão da Secretaria de Segurança Pública, é de que todos os infectados deixassem os postos de trabalho e se isolassem em casa.

A Sesipe informou que os três primeiros testes positivos foram recebidos na quinta-feira (02/04), na sexta (03/04) e nessa segunda-feira (06/04). De acordo com a Sesipe, a orientação da Secretaria de Saúde (SES) é testar somente quem apresentar sintomas da Covid-19.

“Quando algum servidor do sistema prisional está sintomático, a Gerência de Saúde Prisional o encaminha, imediatamente, para a rede pública de saúde para realizar o teste. Na sequência, o servidor é direcionado para o isolamento em casa até o resultado do teste”, justificou, por meio de nota.

Por meio de nota, o Sindicato dos Policiais Penais do DF (Sindpen) critica a atenção prestada aos servidores. “Na sexta-feira (03/04), um policial penal lotado no CIR foi afastado do trabalho por suspeitas de Covid-19. No dia seguinte, ele requisitou atendimento para realizar o teste. Pediram que aguardasse, pois uma equipe de saúde iria até sua casa para realizar o exame no domingo. Porém, isso não ocorreu”, destacou a entidade.

“Remarcaram para segunda, depois terça, e nada. Foi necessário que ele, mesmo em meio a dores e febre alta, fosse dirigindo até o CIR para realizar o exame”, acrescentou o Sindpen.

Ao todo, os presídios do DF têm mais de 17 mil presos. Na tentativa de impedir o avanço do coronavírus nas cadeias e distensionar o sistema prisional, a Vara de Execuções Penais (VEP-DF) do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) estabeleceu critérios para liberação de presos: a progressão regular de regime, ou seja, que já liberaria os detentos para voltar às suas respectivas residências por terem cumprido a pena; e a progressão antecipada, motivada pelo avanço da doença no DF.

A vara acolheu parcialmente pedido da Defensoria Pública para conceder prisão domiciliar antecipada aos presos que teriam esse regime alcançado nos próximos 120 dias. A intenção é evitar que pessoas saudáveis que cumprem pena sejam infectadas, tendo em vista que os apenados do regime semiaberto tinham contato com o mundo externo e poderiam estar contaminados.

As visitas às unidades prisionais estão suspensas até o próximo dia 10, quando serão novamente avaliadas. A medida, iniciada em 12 de março, está alinhada às ações do Governo do Distrito Federal (GDF) voltadas para a prevenção do contágio pelo novo coronavírus.

Nesta quinta-feira (09/04), a reportagem acionou a Secretaria de Segurança Pública, mas até a última atualização da matéria não havia recebido retorno.

Metrópoles