Passageiros denunciam ônibus cheios em Niteroi
Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
Com o objetivo de evitar aglomerações e, assim, atenuar a proliferação da pandemia do novo coronavírus na cidade, no último dia 4 o prefeito Rodrigo Neves reduziu em 70% a frota de ônibus intermunicipais que fazem parada no Terminal Rodoviário João Goulart, no Centro. Mas, segundo usuários de linhas que vêm de São Gonçalo, a medida está provocando efeito inverso: além de terem que esperar por mais tempo, embarcam em conduções que chegam quase lotadas ao terminal.
Um dos que sofrem com a medida é o técnico em eletrotécnica Lucas Neves, morador do Boaçu, em São Gonçalo. Desde que começou o regime de quarentena, ele dá expediente de uma a três vezes por semana no Rio e sai de casa por volta das 6h para estar no trabalho às 7h30m. Nunca consegue.
O intervalo dos ônibus da linha que utiliza, a 422M (Porto do Rosa-Niterói), triplicou, e isso vem se traduzindo em coletivos mais cheios e atrasos de pelo menos meia hora.
— É muito raro entrar num ônibus e encontrar algum lugar para me sentar. Para chegar ao trabalho, preciso pegar o 422M até o terminal para depois tomar a barca. Mas os dez minutos que eu esperava até o ônibus passar se transformaram, muitas vezes, em quase uma hora — conta ele. — Semana passada, corri tanto para conseguir alcançar o ônibus que nem tive tempo de colocar a máscara no rosto. Passei a viagem toda agoniado, com medo de me infectar.
A reclamação é corroborada pela doméstica Nilze Santana, que mora no Raul Veiga, também em São Gonçalo, e trabalha numa casa na Ponta D’Areia. Para chegar até lá, utiliza a linha 549M (Santa Izabel-Niterói):
— Tenho ido trabalhar só duas vezes por semana a pedido do meu patrão por causa do coronavírus. Saio de casa sempre um pouco antes das 7h para estar lá às 8h, mas quase nunca consigo chegar no horário nem viajar sentada.
O Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do Rio (Setrerj) informa que, desde que o decreto municipal entrou em vigor, as empresas de ônibus “estão se desdobrando para tentar atender a todas as partes: órgão regulador, governo do estado, prefeituras e clientes” e que elas estão “empenhadas em melhorar todos os dias e, com a ajuda do cliente, fazer os ajustes necessários o quanto antes”.
Na quinta-feira, por nota, a Secretaria municipal de Urbanismo e Mobilidade disse que acompanha o movimento de passageiros no terminal e que tem constatado movimentação reduzida nos ônibus que lá fazem ponto. O órgão informou ainda que não decidiu se vai prorrogar o prazo de validade do decreto, previsto para ser encerrado neste sábado (18). Também não disse se pretende aumentar o percentual de coletivos intermunicipais que estão autorizados a fazer ponto no terminal.