Popularidade de Mandetta constrange Bolsonaro
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A iminente demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é rejeitada por 76,2% dos pesquisados pela consultoria Atlas Político, segundo pesquisa divulgada ontem. O ministro é o mais bem avaliado integrante do governo Jair Bolsonaro e tem amplo respaldo da população na defesa de medidas de isolamento social: 72,2% apoiam a quarentena durante a crise do novo coronavírus, mesmo depois de terem a queda nos rendimentos, que é relatada por 51,6%.
Apesar das críticas do presidente Bolsonaro à atuação do ministro, Mandetta é avaliado de forma positiva por 64% dos entrevistados e de forma negativa por 17% – a menor rejeição entre os integrantes do governo.
A avaliação da imagem de Mandetta é melhor do que a do ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), que é visto de forma positiva por 53% e de negativa por 37%, e do que a do presidente. Bolsonaro tem 39% de avaliação positiva e de 55% de negativa.
A pesquisa confirma não só o apoio popular ao ministro, mas também a queda de popularidade de Bolsonaro. O governo registrou sua pior avaliação desde fevereiro de 2019, com 43% dos entrevistados avaliando a gestão como ruim ou péssima, 30% como regular e 23% como ótima ou boa. As críticas ao presidente cresceram junto com o aumento do número de casos de covid-19 no país: em fevereiro, a avaliação negativa era de 38%, aumentando para 41% em março até chegar aos 43% de abril.
A atuação pessoal do presidente é reprovada por 58,2% dos entrevistados e aprovada por 37,6%. O impeachment de Bolsonaro, no entanto, não é um consenso entre os entrevistados: 46,5% são a favor, 43,7% contra e 9,8% não souberam responder.
A pesquisa, online, foi realizada com 2 mil pessoas entre domingo e terça-feira. No domingo, Mandetta deu uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, cobrando do presidente unidade nas ações e nos discursos. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
No início de abril, pesquisa doDatafolha já identificava que a aprovação do Ministério da Saúde havia disparado e que é o dobro da avaliação de Bolsonaro. A atuação do ministério é aprovada por 76% da população enquanto o presidente recebeu aprovação de 33%.
O impacto da crise do novo coronavírus sobre o emprego e renda é sentido pela população. A pesquisa da Atlas Político registrou que 12,3% dos entrevistados perderam o emprego, 51,6% viram a renda mensal cair e 36,1% disseram que ainda não tiveram a redução dos rendimentos.
Os entrevistados afirmaram que têm mais medo de perder um amigo ou parente por covid-19 do que perder a própria vida. Segundo a pesquisa, 86,2% temem a morte de um amigo ou familiar e 13,8% não têm esse medo. Perguntados se temem ser contaminados pelo novo coronavírus, 41,9% disseram ter medo de morrer e 31% de ficar doente, e 27,1% não têm receio.