Presidente da Câmara elogia “legado” de Mandetta
Foto: Divulgação / Agência O Globo
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se manifestou nesta quinta-feira sobre a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Enquanto comandava sessão, Maia fez questão de dizer que Mandetta deixa “um legado” para que o Brasil possa enfrentar a crise do coronavírus. Outros parlamentares, inclusive da oposição, também elogiaram a condução do ministro durante a pandemia.
– Minha homenagem ao ministro Mandetta. Pela sua dedicação, competência, capacidade de compreensão do problema, de construir as soluções, pelo diálogo com o parlamento. Tenho certeza que, com a confirmação (da demissão) no diário oficial, o ministro deixa um legado e estrutura para que o Brasil possa, em conjunto com o governo federal, estados e municípios, atender da melhor forma possível a sociedade brasileira. Principalmente os brasileiros que precisam do sistema SUS. Então, eu agradeço e tenho certeza que falo pela maioria da Casa – disse Maia.
Em nota, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), disse que a demissão de Mandetta é “lamentável” e que se espera que “o substituto mantenha a linha de atuação que os países, na sua grande maioria, estão adotando”.
“Mandetta se tornou alvo de críticas e intrigas dentro do governo nos últimos dias, justamente por estar fazendo um bom trabalho, alinhado à ciência, aos organismos e às autoridades internacionais. (…) Não é possível que o mundo inteiro esteja errado. São vidas que estão em jogo e o esforço para preservá-las deve estar acima de disputas políticas e ideológicas”, afirmou.
Minutos antes de Mandetta confirmar a demissão, o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), lamentou a saída iminente.
– Infelizmente é demitido por agir como recomenda a OMS e por razões pessoais do presidente da República. Não é por critérios técnicos essa demissão, é uma pena – disse.
Primo do ex-ministro, o deputado Fábio Trad (PSD-MS) postou uma mensagem de apoio a ele.
“Mandetta, esta mensagem é para o primo e não para o Ministro: para quem é punido por suas virtudes e não pelos defeitos, não se deixe abater com a demissão, pois ser demitido deste governo é ser absolvido pela História. Cabeça erguida, primo! Te amo!”, escreveu.
O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), considera a demissão pelo presidente Jair Bolsonaro “um comportamento irresponsável” de quem “está mais preocupado com sua reeleição do que em salvar as vidas dos brasileiros.”
– Desde o começo desta crise, Bolsonaro escolheu o caminho da negação e guiou suas decisões pelo achismo, politizando o que deveriam ser ações técnicas com critérios científicos. A demissão de Mandetta não passa de um acerto de contas por parte de um chefe que, no auge de sua mediocridade, não tolera um auxiliar se destacando mais do que ele – disse Molon.
O líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo (CE), foi breve ao comentar em suas redes, mas criticou a postura de Bolsonaro. “Em plena pandemia, vence a vaidade e a imaturidade de Jair Bolsonaro”, escreveu.
No Senado, houve uma reação prévia à demissão, mas motivada pela iminência dela. O senador Lucas Barreto (PSD-AP) decidiu deixar a vice-liderança de governo por causa da postura do presidente Jair Bolsonaro em relação a Mandetta. Comentou com aliados que tentou conversar com integrantes do governo sobre seguir as orientações do ex-ministro, mas não foi ouvido.
Já Major Olimpio (SP), líder do PSL, partido pelo qual se elegeu Bolsonaro, desejou sorte ao novo ministro “e mais sorte ainda” à população brasileira. O senador também acrescentou que se Teisch mantiver sua posição, pode durar pouco na cadeira.
– Eu vi artigos dele (Teisch) defendendo isolamento horizontal, para todos. Se ele persistir nesse fundamento, vai ter problemas sérios com o presidente Bolsonaro e não vai durar 30 dias no cargo. Ou, terá de rasgar o seu diploma e contrariar toda a comunidade científica mundial.
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também demonstrou preocupação com a demissão do ministro. “Vaidade e falta de diálogo marcaram mais esse triste episódio do governo. Esperamos que o novo ministro não seja negacionista, que seja técnico e siga as recomendações da OMS”, escreveu em sua conta no Twitter.
Primeiro parlamentar a testar positivo para a Covid-19 após acompanhar a comitiva parlamentar de Bolsonaro aos Estados Unidos no fim de fevereiro, Nelsinho Trad (PSD-MS), que também é primo do agora ex-ministro também disse que a demissão é “lamentável”. “Mas torço para que quem entre dê certo para o bem do Brasil”, se limitou a comentar.
A líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), destacou que o país “recebe com temor” a demissão de Mandetta e expressou o desejo de que o novo ministro seja técnico e que “critérios econômicos e ideológicos não podem ser maiores que o respeito à vida”. A senadora acrescentou ainda que Mandetta demonstrou “coragem ao não se submeter às loucuras de um presidente que se mostrou tantas vezes irresponsável”.
A líder do PP na Casa, Daniella Ribeiro (PB), republicou a mensagem que Mandetta publicou nas redes anunciando sua demissão, que classificou como “lamentável”.