Presidente da Embratur usa Bolsonaro em deboche da pandemia
Foto: Reprodução
O presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, publicou um vídeo nas redes sociais neste domingo em que o rosto do presidente Jair Bolsonaro aparece em uma montagem carregando um caixão. Neto usou os stories do Instagram para postar uma montagem com a foto de Bolsonaro no vídeo que ficou conhecido como “meme do caixão”.
A cena incomum é proveniente de funerais realizados em Gana, na costa oeste da África, gravados para uma reportagem realizada pela BBC em 2017.
A montagem mostra primeiro uma situação de vida ou morte, que é cortada na “hora H” para um vídeo completamente diferente, mas também surpreendente: um grupo de homens com trajes distintos dança e faz malabarismos com um caixão, enquanto seus passos e movimentos estão sincronizados com uma música eletrônica que, apesar de encaixar perfeitamente, não parece ser o que estava tocando no momento da filmagem. Para esclarecer, o meme insinua que a situação inicial não acabou nada bem.
O vídeo foi publicado em meio a queda de braço entre o presidente e o Ministério da Saúde sobre a necessidade do isolamento social e as criticas de Bolsoanaro às medidas tomadas pelos governadores.
Em um dos primeiro pronunciamentos na TV, Bolsonaro atacou decisões tomadas pelos governos estaduais, entre eles Ronaldo Caiado, que determinaram o fechamento do comércio, a interrupção das aulas e outras medidas para reduzir a circulação de pessoas como maneira de frear o avanço do novo coronavírus. Segundo o presidente, essas medidas poderão ter impacto na economia.
A dança em funerais é uma cerimônia tradicional não só no país, mas em várias regiões do continente africano, onde diferentes tipos de rituais fazem referência à vida, e não à morte. Por isso, o clima se assemelha muito mais a um batismo do que a um velório e causa a estranheza, que é o ingrediente especial deste meme.
Gilson foi nomeado em maio de 2019 para presidir a Embratur e, desde então, conseguiu turbinar o orçamento da agência que fomenta o turismo no Brasil, que foi de US$ 8 milhões para US$ 120 milhões. O aumento do poder da caneta e a proximidade com o clã Bolsonaro não passaram despercebidos por quem vive a rotina da Esplanada.
Gilson ganhou holofotes em janeiro após reportagem do GLOBO mostrar que o plano da Embratur para promover o turismo no Brasil previa de animação infantil para combater “falsas histórias” sobre a Amazônia a filme com Sharon Stone percorrendo praias do Nordeste e modelos fantasiados de dragão da independência em eventos para promover o Brasil em cidades como Miami. A proximidade com os Bolsonaros pode resultar em uma nova missão política: Gilson está cotado para presidir o Aliança pelo Brasil, partido que o presidente tenta criar.