Presidente da OAB segue contra impeachment
Foto: Fernando Moraes/UOL
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, voltou a fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e confirmou que foi criada uma comissão para investigar as acusações feitas por Sergio Moro ao anunciar sua demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública na última sexta-feira.
“Tudo o que queremos é que ele governe. Ele é um talento de criar situações que tirem o foco da governança. Ele vem reduzindo essa participação dessas pessoas com carreira sólida, como o Moro, para colocar pessoas de confiança”, disse Santa Cruz em entrevista na manhã de hoje à rádio CBN.
Moro pediu demissão após Bolsonaro exonerar Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Após a medida, o ex-ministro anunciou a demissão e disse que Jair Bolsonaro tentava intervir na Polícia Federal, pedindo relatórios de inteligências do órgão e exonerando Valeixo da direção por conta de um inquérito do Supremo Tribunal Federal. O presidente Bolsonaro disse que Moro mentiu.
De acordo com Santa Cruz, a comissão criada na OAB fará uma análise jurídica “ponto por ponto” e encaminhar as conclusões para o conselho federal da entidade.
“Nesse contraditório que se estabeleceu publicamente, Moro começa a apontar busca de interferências de estados [por parte] do presidente da república, uma tentativa de aparelhar uma instituição como a PF”, disse o presidente da OAB que também cobrou explicações públicas sobre a pensão que Moro receberia por ser ministro.
Porém, o presidente da OAB destaca que não é hora para discutir um impeachment de Bolsonaro. “Eu não vejo como se discutir esse processo na atual situação. O que não significa não trazer a luz da verdade tudo o que está acontecendo. Temos que estar muito vigilantes com esse conjunto da obra de viés autoritário do governo”.
Santa Cruz enfatizou que a preocupação atual da entidade é com as medidas contra a pandemia do novo coronavírus. “A OAB tem priorizado a pandemia. Tanto para advogados quanto para a sociedade. Para nós, a prioridade é o enfrentamento da crise.”