Teich começa mal ao falar sobre “testes em massa”
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É consenso entre especialistas que os testes em massa são o caminho mais seguro para a flexibilização gradual do isolamento social em todo o mundo. Isso porque dará segurança para todos sobre o grau de exposição ao coronavírus. E muitos descobrirão, por exemplo, que já estão imunizados.
Ainda em março, o Prêmio Nobel de Economia Paul Romer defendeu em entrevista ao jornal “O Globo” que a melhor saída para a crise da pandemia é um investimento concentrado na produção em larga escala de testes para o vírus e de equipamentos de proteção.
Por isso, a primeira fala do novo ministro da Saúde, Nelson Teich, sobre a necessidade de testagem em massa deixou mais perguntas do que respostas. Porque, apesar do consenso de cientistas e economistas, sabe-se que não há testes suficientes para atender toda a demanda mundial. E muito menos para examinar os mais de 200 milhões de brasileiros.
“Falta teste até mesmo para quem está na linha de frente nos hospitais, como médicos, enfermeiros e auxiliares. E até para pacientes. Não conseguimos testar também os policiais que estão expostos nas ruas. Isso é uma utopia neste momento”, disse ao blog um secretário de Saúde. “Se for esperar essa testagem em massa, o Brasil sairá da pandemia bem antes da chegada dos kits”.
Na área médica, Teich é reconhecido como um nome conceituado na oncologia e com vasta experiência no setor privado. Mas há dúvida em relação a capacidade de gestão na saúde pública, área em que ele não tem experiência. Mesmo assim, é consenso de que ele seguirá o caminho da ciência.
A grande questão é como o presidente Jair Bolsonaro vai se comportar daqui para frente. Caso Bolsonaro continue a insistir com gestos, atos e palavras pela flexibilização imediata das regras de isolamento social, como o novo ministro vai se comportar?
Certamente, se o presidente retomar os seus passeios por Brasília para fazer lanche na padaria e provocar pequenas aglomerações, contrariando todas as recomendações científicas, deixará Nelson Teich numa saia justa. O agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta caiu depois de enfrentar publicamente essas atitudes de Bolsonaro e de resistir aos impulsos do presidente contrários à ciência.