Bolsonaristas usam foto de manifestações antigas para esconder vácuo atual
Foto: Reprodução
Uma foto de um ato em 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff foi usada para ilustrar as manifestações em favor do presidente Jair Bolsonaro do último domingo, 24. Um artigo com mais de 102 mil interações (curtidas, comentários e compartilhamentos) no Facebook republicou a imagem antiga fora de contexto.
Por meio da ferramenta de busca reversa de imagens do Google, é possível verificar que a foto foi publicada em 13 de março de 2016 pelo jornal Gazeta do Povo. A reportagem mostra que, na época, um protesto a favor do impeachment da então presidente Dilma reuniu cerca de 100 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios.
Neste domingo, apoiadores do governo de Bolsonaro se reuniram em um ato esvaziado na frente do Palácio do Planalto. O público que participou da manifestação pode ser visto no vídeo abaixo, publicado na conta oficial do presidente.
Bolsonaro chegou de helicóptero e ficou cerca de meia hora com os manifestantes, cumprimentando as pessoas sem usar máscara. A participação do presidente nestes atos tem sido frequente nos últimos fins de semana, o que contraria recomendações sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS) de evitar aglomerações.
É comum que fotos antigas sejam tiradas de contexto em publicações nas redes sociais para inflar o público de protestos mais recentes. O Estadão Verifica já checou boatos similares em outras ocasiões.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.