Bolsonaro chama denúncia de Moro de “fofoca”
Foto: Adriano Machado / Reuters
O presidente Jair Bolsonaro chamou de “fofoca” a acusação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, de que ele teria atuado para interferir na Polícia Federal. A suposta interferência está sendo investigada, em inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na saída do Palácio da Alvorada, na manhã desta segunda-feira, Bolsonaro mostrou a apoiadores um papel com a reprodução da troca de mensagens apresentada por Moro – e revelada pela TV Globo. Embaixo, havia uma mensagem em vermelho com a frase “isso é fofoca”.
Moro prestou depoimento à PF no sábado e apresentou, além desta, outras mensagens trocadas com o presidente. Depois de conversar por cerca de cinco minutos com os apoiadores, Bolsonaro se dirigiu aos jornalistas, disse que não responderia a perguntas e repetiu que a interferência na PF é “fofoca”.
– Essa é a acusação mais grave contra a minha pessoa – afirmou aos apoiadores, em tom de ironia. – Tem um print da matéria do “Antagonista”. Embaixo está escrito… Eu escrevi embaixo “mais um motivo para troca”. Estão me acusando por causa disso e dizendo que estou interferindo na Polícia Federal, não é isso? Eu estou dizendo que é fofoca aqui embaixo, tá ok? O complemento vem depois.
No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral da República, Augusto Aras, aponta os possíveis crimes de advocacia administrativa, coação no curso do processo, obstrução de Justiça, falsidade ideológica, corrupção passiva privilegiada e prevaricação. A investigação também se estende a Moro, que, em tese, pode ter cometido o crime de denunciação caluniosa, além de crimes contra a honra. O inquérito foi aberto com base na entrevista em que Moro anunciou a saída do governo e citou a tentativa de interferência por meio da troca do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e superintendentes da corporação no Rio e em Pernambuco.