Bolsonaro diz que auxílio de R$ 600 a militares é ilegal
Foto: Jorge William / Agência O Globo
Um dia depois de o Ministério da Defesa informar que 73.242 militares das Forças Armadas receberam indevidamente o auxílio emergencial de R$ 600, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que eles estão sendo identificados, vão devolver o dinheiro e sofrerão uma punição disciplinar. Capitão reformado do Exército, Bolsonaro disse que, no meio militar, quando acontece algo errado, “o bicho pega”.
O benefício é destinado aos trabalhadores informais e autônomos de baixa renda, durante a crise causada pela pandemia do coronavírus.
De acordo com a Defesa, militares da ativa, da reserva, pensionistas, dependentes e anistiados receberam o auxílio depois de fazerem o cadastro no aplicativo da Caixa Econômica Federal. O pagamento da segunda parcela será bloqueado automaticamente.
Em entrevista na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro relativizou e disse que o pagamento indevido ocorreu para “o praça prestador do serviço militar inicial”, que vem de famílias pobres.
– Mais ou menos 3% da garotada presta o serviço militar obrigatório, e são pessoas oriundas das classes mais humildes da população, são os mais pobres. Estão servindo o Exército no corrente ano, Marinha e Aeronáutica, e alguns se inscreveram. Como ano passado, filho de pobre, sem renda, não tinha renda nenhuma, acabaram recebendo – declarou o presidente.
– Agora, nosso meio, quando acontece coisa errada no nosso meio militar, o bicho pega. Estão sendo identificados, vão pagar, vão devolver o dinheiro e vão pegar uma punição disciplinar. Coisa que não acontece com frequência em outras áreas. No nosso meio, fez besteira, paga. Agora repito: são militares, mas são jovens que prestam serviço militar obrigatório – complementou Bolsonaro.
Em nota, o ministério informou que os comandos das três Forças (Aeronáutica, Marinha e Exército) abriram processo para investigar a participação de cada um de seus integrantes em possíveis irregularidades e que os valores recebidos de forma indevida serão devolvidos à União.
No texto, a pasta minimiza o envolvimento dos integrantes das Forças. Alega que parcela dos que recebem auxílio “pode ter interpretado equivocadamente as regras de recebimento do benefício”.
A área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) vai pedir uma auditoria sobre a concessão do auxílio.