Continência da PM de SP ocorre desde 2015
Foto: Marcelo Justo-14.jun.2017/Folhapress
A cerimônia de prestar continência e ligar as sirenes das viaturas é uma tradição da Polícia Militar de São Paulo que é colocada em prática desde 2015 sempre que um membro da corporação morre em serviço.
Chamada de “Um Minuto de Sirene”, a homenagem foi institucionalizada na corporação na gestão do coronel Ricardo Gambaroni, que foi comandante-geral da PM paulista entre 2015 e 2017.
Por isso, diferentemente do que sugeriu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o próprio presidente e seus aliados, como Roberto Jefferson (PTB), os policiais que prestaram continências na avenida Paulista no domingo (24) não estavam saudando o ato em defesa do presidente, mas estavam apenas seguindo uma tradição de ao menos cinco anos da PM no estado.
A Polícia Militar de São Paulo nunca decepciona, sempre dá o exemplo🇧🇷👏
Vídeo da manifestação hoje na avenida Paulista, SP. pic.twitter.com/q94aE8pUch
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) May 25, 2020
No sábado (23), morreu em serviço o soldado Lucas Alexandre Leite, 25. No momento em que ele estava sendo sepultado, como manda a tradição da homenagem, os policiais em serviço ligaram as sirenes de suas viaturas e prestaram continências.
“É uma homenagem ao policial que morreu defendendo a sociedade e uma forma de mostrar a sociedade que o policial morre no cumprimento da missão. Infelizmente, não é uma coisa rara no Brasil. E também chama a atenção para reforçarmos as medidas de segurança”, diz o coronel Gambaroni, que hoje é superintendente do Ipem-SP (Instituto de Pesos e Medidas de São Paulo).
“É uma maneira de mostrar reconhecimento ao policial, que muitas vezes acha que está arriscando a vida e não está sendo visto”, completa Gambaroni.
Nas gestões que o sucederam, essa forma de homenagem foi mantida.
Sobre a apropriação política que os bolsonaristas têm tentado fazer da homenagem, ele diz que não há espaço para mistura entre a instituição e a política.
“Infelizmente teve um contexto no mesmo momento, mas a homenagem era ao policial que faleceu no cumprimento do dever. Acho importante informar para não vincular essa homenagem a posicionamento político. A PM serve à sociedade e essa homenagem é uma pequena homenagem a quem deu sua vida pela causa da defesa da sociedade”, diz Gambaroni.
“Que não seja desvirtuada ou cerceada essa homenagem, que cala fundo aos policiais”, conclui.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo também disse que os policiais prestavam homenagem ao colega falecido no sábado (23).