Conversa de Bolsonaro e Moro mostra irresponsabilidade ambiental

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Foto: Reprodução

Ao mostrar seu celular para jornalistas nesta terça-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro acabou deixando aparecer uma mensagem em que o ex-ministro da Justiça ressaltava que a Força Nacional não havia destruído máquinas de desmatadores durante operação do Ibama.

Bolsonaro exibia troca de mensagens entre ele e o Moro da época em que o ex-juiz ainda era ministro. O objetivo era contestar versão apresentada por Moro, segundo a qual Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal.

Em determinado momento da conversa mostrada pelo presidente, aparece a parte em que o ex-ministro fala sobre a Força Nacional. Não é possível ver qual foi a mensagem de Bolsonaro que suscitou o assunto.

“Coronel Aginaldo da FN [Força Nacional] também nega envolvimento da FN nas destruições. FN só acompanha Ibama nas operações para segurança dos agentes, mas não participa da destruição de máquinas”, escreveu Moro.

Antônio Aginaldo de Oliveira é o diretor da Força Nacional.

Quando se demitiu, Moro havia mostrado mensagens trocadas com Bolsonaro dois dias antes, em 22 de abril. Pelas imagens mostradas pelo presidente, a conversa sobre a Força Nacional ocorreu também no dia 22.

Dias antes da conversa, o Ibama, com apoio da Força Nacional, havia feito uma grande operação contra garimpos ilegais e desmatamento no Pará. Fiscais do Ibama apreenderam dezenas de armas e destruíram mais de 70 tratores e outros equipamentos.

O Fantástico noticiou a operação no dia 12 de abril. No dia 14, o então diretor de Proteção Ambiental do Ibama Olivaldi Azevedo foi exonerado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Setores do governo consideraram que Olivaldi não teve força suficiente para frear a atuação dos fiscais contra garimpeiros e madeireiros.

O próprio presidente Bolsonaro já declarou publicamente diversas vezes que é contra a queima de maquinário.

Em fevereiro, uma outra operação do Ibama na terra indígena Ituna Itata, também no Pará, já tinha desagradado parte do governo por causa da destruição de equipamentos de garimpeiros. O garimpo em terra indígena conta com o apoio de Bolsonaro.

Os alertas de desmatamento na floresta Amazônica bateram o recorde histórico para o primeiro trimestre em 2020, se comparado ao mesmo período dos últimos quatro anos, quando começou a série de monitoramento do sistema Deter-B, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2020 foram emitidos alertas para 796,08 km² da Amazônia, aumento de 51,45% em relação ao mesmo período de 2019, quando houve alerta para 525,63 km². Em 2018 foram 685,48 km²; em 2017 foram 233,64 km² e em 2016 foram 643,83 km².

G1