Empresa de SC que não parou tem centenas de infectados
Foto: Rodolfo Buhrer – 1.out.2019/Reuters
Centenas de funcionários da BRF na unidade de Concórdia, em Santa Catarina, testaram positivo para o novo coronavírus, afirmou a companhia nesta segunda-feira (25), em meio a preocupações globais com os efeitos da pandemia de Covid-19 na cadeia de alimentos.
A BRF informou que cerca de 340 colaboradores, entre funcionários e terceirizados, ou 6,6% do total da unidade, tiveram resultado positivo em testes rápidos para a detecção do vírus.
Esses colaboradores foram afastados preventivamente e submetidos ao teste RT-PCR, que tem por objetivo confirmar com mais assertividade o diagnóstico, afirmou a companhia, acrescentando que irá receber os resultados do RT-PCR nos próximos dias.
Os 93,4% dos seus 5.132 colaboradores e terceirizados da unidade catarinense, que testaram negativo nos testes rápidos para o Covid-19, retornam ao trabalho nesta segunda-feira.
A testagem de 100% dos trabalhadores da unidade, realizada em atendimento à determinação da Vigilância Sanitária do Estado de Santa Catarina, foi concluída no domingo.
Uma porta-voz da BRF afirmou que todas as fábricas da companhia estão funcionando.
Empresas brasileiras de proteínas, incluindo a BRF e a rival JBS, enfrentam surtos em suas instalações, o que em alguns casos forçou o fechamento de fábricas até a adoção de medidas mais rigorosas para combater o vírus.
A Aurora, que tem cerca de 26.000 trabalhadores em 16 fábricas, assinou um acordo com o Ministério Público do Trabalho na sexta-feira que exige testes de rotina dos funcionários e outras proteções adicionais.
A Marfrig disse que 25 funcionários de sua unidade de Várzea Grande (MT) também testaram positivo para a Covid-19.
A empresa disse que retirou os trabalhadores infectados e aqueles que entraram em contato com eles da linha de produção para evitar mais contaminações. Eles estão isolados, segundo a Marfrig, mas a unidade permanece aberta.
O MPT (Ministério Público do Trabalho) de Mato Grosso obteve uma liminar no último sábado (22) contra o frigorífico. A Justiça do Trabalho determinou que a empresa deverá promover adequações em suas linhas de produção para diminuir a exposição de mais trabalhadores à contaminação pela Covid-19 no ambiente de trabalho.
O frigorífico tem cinco dias para adequar a taxa de ocupação de cada ambiente da planta de Várzea Grande para que cada trabalhador ocupe, sozinho, uma área com 9 m² e fique a pelo menos um metro e meio dos demais. A decisão de manter o distanciamento mínimo é válida para todas as unidades da Marfrig do estado.
No processo, o MPT apresentou fotografias em que funcionários apareciam trabalhando com distância inferior a um metro. A Justiça do Trabalho fixou multa diária de R$10 mil em caso de descumprimento das medidas pela Marfrig, até limite de R$100 mil por cada obrigação descumprida.
A empresa, dona da National Beef nos Estados Unidos, confirmou também que pelo menos um colaborador da unidade de Várzea Grande morreu de Covid-19. Era uma mulher que trabalhava na área de desossa e estava em férias desde 4 de maio, segundo a companhia.
A empresa também observou que um segundo funcionário que trabalhava na fábrica morreu de uma doença respiratória, mas que, com base nas informações médicas disponíveis, não era possível determinar se o Covid-19 foi a causa de morte.