Exame secreto de Bolsonaro pode virar escândalo

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Foto: MARCOS CORRÊA/PR

Quando a Justiça Federal determinou que o presidente Jair Bolsonaro entregasse os laudos dos exames de coronavírus a que se submeteu, a Advocacia-Geral da União limitou-se a fornecer à a juíza Ana Lúcia Petri Betto um relatório médico dizendo que os testes do presidente haviam dado negativo. Ontem, o desembargador André Nabarrete Neto, do Tribunal Regional da 3ª Região, determinou que a AGU cumprisse a determinação original e enviasse à Justiça os resultados dos exames presidenciais para detecção do vírus, e não apenas um relatório médico.

O relatório médico do presidente entregue no dia 18 de março pela AGU à juíza Ana Lúcia, como “resposta” à sua determinação, dizia o seguinte:

“Conforme orientação do Ministério da Saúde, foi realizado [no presidente Jair Bolsonaro] exame para detecção de COVID-19, nos dias 12 e 17 de março, com amostras coletadas pela equipe do Hospital das Forças Armadas, e processadas no laboratório Sabin, nesta cidade de Brasília, com o resultado do referido exame dando não reagente (negativo)”.

Assinam o documento dois médicos da Presidência, ambos militares: o major do Exército Marcelo Zeitoune e o capitão de mar-e-guerra Guilherme Guimarães Wimmer.

No documento, os médicos deixam claro que se referem às amostras “processadas no laboratório Sabin”. A ressalva chama a atenção porque, como esta coluna já revelou, existe uma outra amostra que, colhida no mesmo dia 17 de março pela mesma equipe do HFA, foi encaminhada para ser processada pelo laboratório Fiocruz. O presidente Bolsonaro nunca divulgou a existência deste terceiro exame —e os militares que colocaram a sua assinatura no relatório enviado à Justiça tampouco fizeram referência a ele.

O desembargador Nabarrete Neto não estipulou prazo para a entrega dos laudos dos exames presidenciais. Mas quando, e se, isso ocorrer, a AGU deverá apresentar à Justiça os resultados de três exames — e não dois.

Uol