Indicação de criminalista na Saúde intriga servidores
Foto: Pedro Ladeira / Folhapress
Virou mistério para integrantes do Ministério da Saúde o responsável pela nomeação de Zoser Hardman de Araújo para o cargo de assessor especial do ministro.
Causou mais estranheza o fato de ele ser advogado criminalista. Ele começou a trabalhar ainda na gestão de Nelson Teich na Saúde.
Na administração de Luiz Henrique Mandetta, os auxiliares tinham carreira na área do direito público. Como criminalista, Araújo já defendeu milicianos do Rio e um ex-PM condenado pelo assassinato da juíza Patrícia Acioli em 2011.
O Painel procurou Pazuello, a assessoria do Ministério da Saúde, Teich e o advogado, mas ninguém respondeu quem foi o responsável pela indicação.
No site do TSE, Araújo aparece ainda como filiado ao PRTB, partido do vice-presidente Hamilton Mourão. Em nota, o ministério disse que ele não se filiou à legenda. A pasta afirmou ainda que o cargo tem sido ocupado por bacharéis em direito.
O advogado teve como clientes o vereador cassado Cristiano Girão e Wallace Pires, o Robocop. Ex-bombeiro, Girão foi preso por acusação de envolvimento com milícia de Gardênia Azul e perdeu seu mandato em 2010, quando foi defendido por Hardman.
Ele foi o primeiro vereador a ter o mandato cassado pelos seus colegas em toda a história do Legislativo do Rio.
O advogado também defendeu Ricardo Gildes, o Dentuço, braço direito do ex-PM Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman, outro miliciano do Rio de Janeiro. Dentuço foi assassinado em 2014 por membros de outra milícia.
Além deles, Hardman também teve como cliente o ex-tenente da PM Daniel Benitez, apontado como um dos mentores do assassinato da juíza Patrícia Acioli em 2011. Ele foi condenado a 36 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha armada.
Zoser Hardman também foi um dos advogados do ex-banqueiro ítalo-brasileiro Salvatore Cacciola, condenado por gestão fraudulenta e peculato em um dos maiores escândalos financeiros da história recente do país.