Inquérito contra Bolsonaro ouvirá Valeixo
Foto: DENIS FERREIRA NETTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Investigadores que atuam no inquérito que apura interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal querem ouvir o ex-diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, na próxima semana. A ideia, segundo o blog apurou, é ouvi-lo já na segunda-feira (11), em Curitiba.
Como a equipe de procuradores que auxilia Augusto Aras nos trabalhos do inquérito e acompanha os depoimentos das investigações terá de se deslocar de Brasília para Curitiba, os depoimentos dos ministros da ala militar do governo devem ficar para depois de Valeixo.
Valeixo foi o pivô da saída de Moro do governo. Bolsonaro queria tirar do posto o então diretor-geral da PF desde agosto, mas Moro reagiu. Valeixo era um nome escolhido por Moro, e o ex-ministro ameaçou deixar o governo se Bolsonaro tirasse Valeixo.
Em agosto, o presidente recuou. Em abril, voltou ao tema e comunicou a Moro que faria a troca. Sem concordar, o ex-juiz da Lava Jato pediu demissão após Valeixo ser exonerado e relatou durante pronunciamento de sua demissão que o presidente fez a troca porque queria interferir politicamente na Polícia Federal.
Com base em seu pronunciamento, a PGR pediu a abertura de um inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Os relatos estão em investigação, e o caso está sob relatoria do ministro Celso de Mello. O ex-ministro da Justiça Sergio Moro depôs no inquérito no último sábado (2). Agora, para investigadores, é crucial ouvir ministros do Planalto – General Heleno, General Ramos e General Braga Netto – sobre as acusações de Moro, além de Valeixo.
Os investigadores também estão na expectativa da entrega do vídeo da reunião em que Bolsonaro teria falado na interferência política na PF, o que corrobora a declaração de Moro.
Segundo o blog apurou, o Planalto teme a divulgação do vídeo por ser, além de uma prova, algo “constrangedor” para o presidente.
Segundo fontes ouvidas pelo blog, na reunião, foram tratados temas que vão além da interferência política na PF, o que exporia ainda mais a maneira como presidente se porta perante o combate ao coronavírus, minimizando os efeitos da pandemia. Isso geraria exposição negativa para o governo federal.